Desde o fim de janeiro, revelações praticamente diárias vem comprovando que todos os processos contra o ex-presidente Lula não passaram de uma farsa, de uma brutal perseguição política que firmou o golpe de estado e garantiu a vitória do fascista Jair Bolsonaro em 2018.
Agora, as mais novas revelações feitas pela defesa do ex-presidente nesta sexta-feira (12) mostram outra troca de mensagens entre procuradores discutindo sobre a necessidade de “atingir Lula na cabeça”. O intuito, de acordo com os próprios procuradores seria “vencermos as batalhas já abertas” da operação Lava Jato.
Ainda na troca de mensagens, ocorridas em 5 de março de 2016, logo após Lula ser levado conduzido coercitivamente a Polícia Federal, os procurados falam sobre pressionar o SFT e atingir os ministros, assim como no ano anterior fora feito contra Marcelo Navarro, após haver denuncia de “movimentação política” para que seu pai obtivesse um habeas corpus na operação.
Todas as mensagens deixam claro o jogo político presente na operação. A procuradora Carolina Rezende, responsável por atacar Lula nas declarações, teve sua fala transcrita por inteiro pela defesa de Lula, na qual deixa claro o absurdo da operação:
“Pessoal, fiquei pensando que precisamos definir melhor o escopo pra nós dos acordos que estão em negociação. Depois de ontem, precisamos atingir Lula na cabeça (prioridade número 1), pra nós da PGR, acho q o segundo alvo mais relevante seria Renan. Sei que vcs pediram a ODE [empreiteira Odebrecht] que o primeiro anexo fosse sobre embaraço das investigações. Achei excelente a ideia mas agora tenho minhas dúvidas se o tema é prioritário e se é oportuno nesse momento. Não temos como brigar com todos ao mesmo tempo. Se tentarmos atingir ministros do STF, por exemplo, eles se juntarao contra a LJ, não tenho dúvidas. Tá de bom tamanho, na minha visão, atingirmos nesse momento o min mais novo do STJ. acho que abrirmos mais uma frente contra o Judiciário pode ser over. Por outro lado, aqueles outros (lula e Renan) temas pra nós hj são essenciais p vencermos as batalhas já abertas”.
Junto a estas conversas, os procuradores também combinaram a divulgação de uma nota a favor do ex-juíz da Lava Jato, Sérgio Moro, que na época era questionado pela ação ditatorial de realizar uma condução coercitiva de Lula, sem qualquer base legal. Para um dos procuradores, isso serviria para “não deixarmos um amigo apanhar sozinho”, já Carolina complementa: “coitado de Moro. Não ta sendo fácil. Vamos torcer para esta semana as coisas se acalmarem e conseguirmos mais elementos contra o infeliz do Lula”.
As declarações seguem o mesmo sentido das já reveladas. Vale lembrar que foi neste mesmo grupo de procuradores que a morte da ex-mulher de Lula foi comemorada, e que as primeiras armações contra Lula foram discutidas, demonstrando um total comprometimento com o objetivo de toda a política golpista: destruir a economia nacional, entregando para o imperialismo, e perseguir Lula, colocando-o na prisão e retirando seus direitos políticos.
Pouco tempo depois esta política se concretizou na retirada fraudulenta de Lula nas eleições de 2018. Agora, a operação entrou em completa desmoralização, o “presente da CIA”, como se referiu Dallagnol a prisão de Lula, tornou-se um foco de grande crise.
Com as inúmeras revelações feitas, torna-se cada vez mais inviável sustentar uma operação criminosa como o Lava Jato. Por outro lado, a devolução dos direitos políticos de Lula é um problema ainda maior para a burguesia golpista.
Por fim, o objetivo central dos golpistas é continuar no controle do regime golpista, pelos meios que forem necessários. Moro e a Lava Jato, foram ferramentas de grande importância para firmar o golpe de estado, no entanto o problema Lula, ou seja, a interferência de uma figura vista pela classe trabalhadora como a resposta direta ao golpe estado, é algo de muito maior importância.
Por isso, mesmo ferindo a própria constituição federal, mesmo tornando o regime político uma verdadeira ditadura e liderando uma intensa perseguição política contra a oposição, a burguesia brasileira e o imperialismo fazem o que for necessário para impedir que Lula possa estar presente nas eleições de 2022.
Inicialmente, buscaram manobrar com os casos do sítio de Atibaia e o triplex do Guarujá, sob o pretexto de que Moro não estaria envolvido diretamente com os dois casos. No entanto, a manobra logo foi substituída por declarações muito mais contundentes dos golpistas, como as anunciadas pelo ministro Fachin, de Lula jamais ganharia no STF, e que o caso já estaria “decidido”. A burguesia passou a tratar o caso abertamente como uma política de impedir a todo custo que Lula tenha seus direitos políticos retomados.
Por outro lado, toda esta situação absurda abre um importante pretexto para impulsionar-se uma verdadeira mobilização pelos direitos políticos do ex-presidente Lula. Assim como colocou Lula em reunião com o comitê Lula Livre nesta semana, é necessário sair as ruas para defender os direitos políticos do ex-presidente, assim como de todo povo brasileiro.
O que está em jogo não são apenas os direitos de Lula, mas o aprofundamento de uma verdadeira ditadura no país. Impedir que Lula concorra nas eleições de 2022 é realizar um novo estelionato político contra a população brasileira.
Lula é visto pelo povo brasileiro como o candidato natural da luta contra Jair Bolsonaro e o golpe de estado, este fato precisa ser aproveitado como forma de impulsionar uma grande mobilização contra o regime político, derrotando Bolsonaro e todos os golpistas. Dado este problema, a campanha por Lula candidato torna-se a palavra de ordem que está na ordem do dia, em defesa dos direitos democráticos, por Lula ou nada.