Na última sexta-feira (26), o diretor do departamento do hemisfério ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), Alejandro Werner, anunciou que está prevista a maior recessão de toda a história da América Latina. Segundo Werner, por ter se tornado o novo epicentro do coronavírus, espera-se uma contração do Produto Interno Bruto (PIB) de cerca de 9,4% para o ano de 2020 na região.
Ademais, Werner afirma que, devido à permanência prolongada da pandemia nos países da América Latina, é esperado que suas economias sejam abaladas ainda mais, intensificando a desigualdade social na região. Além disso, ressaltou que a reabertura do comércio deve ser feita de forma comedida, levando em consideração a ciência e dados estatísticos acerca da situação no país.
É importante ressaltar um aspecto muito importante das declarações de Werner, do FMI e das grandes instituições financeiras como um todo. Muitos relatos têm sido emitidos acerca da situação de países que foram mais duramente atingidos devido ao novo coronavírus. Sempre é o mesmo discurso: recessão devido ao vírus e à perspectiva de alongamento da quarentena. Todavia, em nenhum momento é falado o verdadeiro motivo pelo qual a situação se encontra no presente estágio.
O fato é que a situação de países como o Brasil não é à toa. Muito pelo contrário: é, na realidade, reflexo de uma política neoliberal devastadora, que extermina todo e qualquer funcionamento por parte dos serviços públicos e coloca a classe operária numa posição de verdadeiras engrenagens à mercê do aparato capitalista. Quando o Instituto divulga que está prevista, para o Brasil, uma recessão do PIB de cerca de 9,1% no ano, esquecem de comunicar-nos quem é o responsável por isso. Quem mais se não Jair Bolsonaro e, acima de tudo, a dominação imperialista que o FMI tem sobre as economias de todo o mundo?
O pior de tudo é que Werner vai além de sua corriqueira demagogia e afirma que a “perspectiva difícil” destes países tem sido amenizada devido às “ações fortes” de bancos centrais de nações desenvolvidas. Ou seja, além de retirar sua culpa dos processos que resultaram na atual conjuntura, analisa que o veneno é a cura do envenenado. E tem mais! Argumenta que a política fiscal do momento deve ser focada em “proteger vidas”, como se existisse qualquer possibilidade de um sentimento filantrópico por parte dos tubarões capitalistas que já ceifaram a vida de milhões de trabalhadores ao redor de todo mundo, seja por meio de sanções, seja por meio da própria privatização.
Infelizmente, a situação já está posta. Queira ou não, a América Latina se encaminha para uma verdadeira explosão no que diz respeito à seus níveis de inflação e desemprego. Medidas tomadas no presente momento não passarão de políticas paliativas, voltadas para amenizar o verdadeiro tsunami financeiro que afetará a economia de todos os países.
No fim, a única saída se dar por meio da mobilização popular. A burguesia já mostrou suas cartas: sacrificar a vida do povo em prol da manutenção de seus gigantescos complexos industriais. Nesse sentido, a classe trabalhadora da América Latina – e de todo o mundo – deve se unir para pôr um fim à dominação que as grandes potências imperialistas exercem sobre os trabalhadores como um todo. Historicamente, a crise do capitalismo acirra ainda mais a luta de classes, e agora não é diferente. É nesses momentos que o governo operário se mostra cada vez mais necessário. Qualquer outra alternativa resulta exatamente no que vemos agora.