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Eduardo Vasco

Militante do PCO e jornalista. Materiais publicados em dezenas de sites, jornais, rádios e TVs do Brasil e do exterior. Editor e colunista do Diário Causa Operária.

Levantam-se os explorados

América Latina, o centro da crise mundial

Os revolucionários da AL devem ter em mente que não estamos lutando apenas pela Revolução a nível local.Carregamos atrás de nós fileiras de trabalhadores de todas as nacionalidades

Por Eduardo Vasco

A ebulição revolucionária que toma conta da América Latina nesta primavera, mesmo que, até o momento, ainda não tenha dado nenhum resultado concreto – isto é, a derrubada de governos da direita, substituindo-os pelo poder operário – é o fato mais positivo no continente, e mesmo no mundo todo, pelo menos desde a onda anterior de mobilizações populares que esta mesma região vivenciou no início do milênio.

As revoltas populares no Chile, na Bolívia, no Equador, em Honduras, Porto Rico e agora na Colômbia, cada uma em um grau diferente de desenvolvimento, têm um nítido caráter revolucionário. E a burguesia sabe disso. Não à toa está fazendo de tudo para frear essas mobilizações.

Desde a implementação de ditaduras militares através da utilização ostensiva das forças armadas na repressão contra o povo nas ruas, até manobras institucionais para “negociar” com as forças rebeladas, percebe-se o desespero dos capitalistas e do imperialismo.

No Equador, primeiro Lenín Moreno mandou os militares descerem o cacete sem dó nem piedade nos manifestantes. Depois, vendo que não estava adiantando, sentou junto com a burocracia indígena que liderava os protestos e que se mostrou tão pelega ao ponto de abandonar a luta contra o governo por meras quinquilharias.

Na Bolívia, ocorre algo semelhante. Os golpistas que derrubaram Evo Morales estão implementando um massacre contra o povo, por meio dos policiais e militares. Enquanto isso, o MAS capitula vergonhosamente, na prática reconhecendo a ditadura golpista como se ela fosse um regime democrático e deixando totalmente barato o seu afastamento ilegal do poder. A diferença para o Equador é que a população permanece mobilizada de forma radical, a burocracia sindical, dos movimentos sociais e partidária não conseguiu desmobilizar o povo, que apresenta um ímpeto revolucionário impressionante.

Os chilenos, entretanto, parecem ser os mais avançados neste momento. Mesmo com os tanques e cassetetes, as baionetas e espingardas da polícia e do exército reprimindo ferozmente, e com a esquerda institucional entrando em acordos com Piñera, a população radicaliza, semana após semana, as suas mobilizações.

Nos últimos dias, foram registrados quase 200 ataques contra delegacias policiais, casas de militares e quartéis. Isso é algo extraordinário e demonstra a intensidade da rebelião popular no Chile. Mostra o nível superior alcançado pelas manifestações nesse país. O estopim da revolta foi o aumento nas tarifas de transporte, mas imediatamente as reivindicações se voltaram para a derrubada do governo direitista. Com a repressão, além de pedirem “fora Piñera”, os manifestantes passaram a exigir também o “fora milicos”. Os enfrentamentos com as forças da ordem se radicalizaram, e agora, cansados de serem massacrados – quase 30 pessoas já morreram nas mãos da ditadura –, os chilenos estão contra-atacando.

O próximo passo, naturalmente, é assaltar essas delegacias e quartéis para roubar as armas. Dado o avanço exponencial na radicalização dos protestos, é bem possível que isso ocorra. O povo chileno está entendendo que não é possível derrotar a repressão estatal apenas com paus e pedras. Um povo armado com rifles, fuzis, revólveres, no entanto, pode fazer uma revolução. Esse fato – o ataque a delegacias e quartéis – é um dos mais relevantes na insurreição popular chilena. Seu exemplo deve ser seguido por todos os povos rebelados, incluindo o brasileiro.

O imperialismo, percebendo a gravidade da situação, mexe seus pauzinhos para tentar afogar em sangue a efervescência revolucionária no Chile. Na semana passada, o governo chileno anunciou que receberá o apoio das polícias da Inglaterra, França e Espanha na repressão aos protestos. O subsecretário do Interior, Rodrigo Ubilla, falou que esse apoio vai “melhorar o trabalho de controle da ordem pública, de controle do que são estas manifestações violentas”.

As potências capitalistas têm completa noção de que o que ocorre na América Latina pode influenciar suas próprias populações a iniciarem mobilizações revolucionárias. Ora, se o turbilhão revolucionário se apossar de todo o continente, e dentro disso se insere o Brasil (país mais importante da região), os EUA verão o que consideram o seu quintal ser absolutamente subvertido, e a insurreição não baterá às suas portas: as arrombará! Imagine a maior potência imperialista da história sendo sacudida e possivelmente entrando em colapso devido à reação de sua gigantesca classe operária às turbulências revolucionárias que venham a explodir a América Latina!

Mas não apenas os EUA, que, por uma questão geográfica, seriam afetados diretamente por essa onda (aqui, abro parênteses para lembrar que certamente haveria uma reação brutal por parte do aparato de repressão e guerra de Washington para evitar isso, mas não vamos tratar dessa possibilidade neste artigo). A Europa, tão abalada nos últimos anos com crises políticas e sociais, certamente sentiria o efeito dessa explosão revolucionária.

Vemos a Itália em uma crise sem fim, enquanto dois dos países imperialistas mais antigos – e, portanto, os mais defasados –, a saber, Grã-Bretanha e Espanha, correm um risco real de desintegração devido aos conflitos independentistas. A Catalunha logicamente é um fator fundamental de crise revolucionária. Já vimos as jornadas radicalizadas de luta em meses recentes naquela região e a revolução latino-americana afetaria sobremaneira a política espanhola, até por causa do idioma: as informações seriam facilmente e instantaneamente assimiladas, os métodos de luta, a propaganda. A França ainda se vê às voltas com os coletes amarelos, que diminuíram a mobilização mas terão uma forte motivação para retomar, de maneira muito mais radical, as lutas pela derrubada do regime burguês. Enfim, toda a Europa também se verá convulsionada caso o movimento revolucionário se consolide e se espalhe pela América Latina.

Lênin afirmou que a Rússia, em 1917, era o elo mais frágil da cadeia imperialista mundial. E esse foi um dos motivos pelos quais a Revolução triunfou nesse país. Hoje, vemos mobilizações revolucionárias ocorrendo nos países oprimidos da América. A nova onda revolucionária internacional pode começar aqui. Operários e capitalistas de todo o mundo voltam seus olhos para a América Latina. Uns, torcendo e se preparando para que o processo avance e os atinja; outros, utilizando seu poder para suprimir esse processo.

Os revolucionários da América Latina devem ter em mente que não estamos lutando apenas pela Revolução a nível nacional ou regional. Neste momento, carregamos atrás de nós fileiras de trabalhadores de todas as nacionalidades, de todos os continentes. Hoje, a América Latina é a vanguarda da Revolução mundial.

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