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Capituação

Alvo da direita, Paulo Freire é usado para desfazer polarização

Para se adaptar à direita, Erundina quer ocultar passado militante de Paulo Freire

Escultura Efter badet em Estocolmo: Paulo Freire (segundo da esquerda para a direita) aparece ao lado de outras seis personalidades internacionais, entre elas Pablo Neruda e Mao Tsé-Tung

Como parte do esforço capitulador de setores da esquerda, diante das campanhas reacionárias da direita, a ex-prefeita de São Paulo (pelo PT) e hoje deputada federal, pelo Psol, Luiza Erundina, resolveu em um entrevista concedida a Leonardo Sakamoto, colunista do UOL, apresentar uma nova versão da biografia do mais prestigiado educador brasileiro, Paulo Reglus Neves Freire, conhecido em todo o mundo.

Nessa “versão” irreal de Paulo Freire, apresentada por Erundina e já enunciada por setores retrógrados da academia e da esquerda centrista, defensora da política de conciliação com a direita golpista, “Paulo Freire nunca foi um militante de esquerda”.

Como a direita ataca, mente e falsifica, a esquerda centrista ao contrário de denunciar, desmascarar e enfrentar a direita, acomoda-se, defende a “coragem de ser covarde” (como enalteciam os socialistas italianos que capitularam diante de Mussolini), adapta-se e procura falsificar a realidade, buscando torná-la mais aceitável pelos setores mais reacionários, principalmente da classe média, que querem usar alguns aspectos do trabalho desenvolvido pelo educador, sem aceitar, no entanto, que ele tenha sido um militante de esquerda.

Não se trata de nenhuma novidade. Como alguns dos maiores nomes de todas as áreas do conhecimento do século XX estiveram de diversas formas vinculados à esquerda, os “esquerdistas” centristas querem “repaginá-los”, apresentá-los sob uma “nova ótica”, para torná-los aceitáveis, em vez de denunciar o caráter retrógrado e reacionário da política da direita e sua miopia intelectual. Entre tantos exemplos, podemos citar o caso de Oscar Niemayer, o maior arquiteto brasileiro e um dos mais prestigiados do mundo, militante comunista por quase toda a sua vida adulta, que a direita busca desprezar e a esquerda tenta ocultar sua militância e convicção política, aspecto fundamental de sua importante obra.

Assim, a ex-ministra do governo Itamar Franco (MDB) e ex-integrante do PSB, busca apresentar Freire como uma nulidade politica: “nem de esquerda, nem de direita“, usando para isso supostas frases de efeito como aquela em que diz que “a revolução que ele fez, uma revolução irreversível, foi a revolução da educação”.

Paulo Freire não realizou nenhuma revolução e nem mesmo ele conceberia tal ideia, uma vez que tinha consciência de que até mesmo o processo educativo – algo menos complexo que uma revolução – era algo coletivo e não passível de ser realizado por uma pessoa, e concebera nesse processo o papel primordial aos explorados e não aos supostos “representantes do povo”, como pensam alguns parlamentares de esquerda.

“Os oprimidos devem ser o seu próprio exemplo na luta pela sua redenção.” Paulo Freire, 1970

Da mesma forma é falso afirmar que Paulo Freire “não era militante”.

De atuação militante longa e reconhecida por todos que tenham um mínimo de conhecimento, sua trajetória teve início ainda jovem, no cargo de diretor do Departamento de Educação e Cultura do Serviço Social no Estado de Pernambuco, onde iniciou o trabalho de alfabetização de trabalhadores pobres.

Depois das experiências, nesse cargo e na Universidade do Recife, onde ocupou o cargo de diretor do Departamento de Extensões Culturais, em 1961, que o levaram à constituição do conhecido método Paulo Freire de alfabetização, quando alfabetizou centenas de cortadores de canas em 45 dias, foi convidado pelo presidente João Goulart a comandar o Plano Nacional de Alfabetização, que previa a formação de educadores em massa e a rápida implantação de 20 mil núcleos em todo o País. Justamente por essa ativa militância de esquerda, Paulo Freire foi encarcerado pela ditadura militar como traidor por 70 dias, seguindo depois para o exílio, e ocupou diversos cargos políticos no exterior.

De volta ao Brasil em 1980, Freire filiou-se ao Partido dos Trabalhadores na cidade de São Paulo e atuou como supervisor Lula e Paulo Freire | Acervo: Nita, Ana Maria Araújo Freire ...para o programa do partido para alfabetização de adultos de 1980 até 1986. Justamente por sua condição política e de militante, foi  nomeado secretário de Educação da cidade de São Paulo, na gestão da primeira administração petista em São Paulo, sob o comando da agora “esquecida”, Luiza Erundina.

Tal “esquecimento” nada mais é do que a política de concessão da esquerda pequeno burguesa, do Psol, PT etc. que buscam adaptar a realidade para torná-la mais palatável à direita, chegar com ela a um acordo, como o que Erundina e outros deputados do Psol (e do PCdoB, PSD etc.)  buscam quando assinam Manifesto com golpistas como FHC e representantes da Globo, procurando apresentá-los como defensores da democracia.

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