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América Latina:

Álvaro Uribe e o terror da extrema-direita na Colômbia

O ex-presidente teve sua prisão domiciliar decretada nesta quarta-feira, 5. As razões, entretanto, não são seus crimes de Estado contra o povo colombiano.

O ex-presidente colombiano Álvaro Uribe (2002-2010), atualmente senador pelo Centro Democrático, e cuja maioria das notícias o vinculam com suportas esquemas de corrupção, como se isso fosse o mais grave em seu currículo, tornou-se o primeiro chefe de estado colombiano a ter que cumprir uma ordem de prisão domiciliar.

Uribe teve a prisão domiciliar decretada pela Câmara de Investigação do Supremo Tribunal de Justiça da Colômbia na terça-feira.

Os colombianos comemoram a decisão da corte, uma vez que os cidadãos daquele país o têm além de corrupto, como um genocida. A decisão recebeu críticas de seus colegas de partido e do atual presidente colombiano Iván Duque, seu aliado.

O período em que Álvaro Uribe foi presidente da Colômbia foi quando mais cresceu o terror contra a classe trabalhadora e os camponeses, sendo ele o responsável por transformar a Colômbia em um laboratório dos EUA, com bases militares, campos de treinamento e até bases de operações contra a Venezuela.

O ex-presidente possui quase 60 investigações que pesam contra si, e que variam de compra de votos a homicídios. Há ainda a violação de direitos humanos, e o favorecimento de grupos paramilitares na tentativa de destruir as antigas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), cujo Plano de Paz assinado em Havana, Cuba, com o governo do ex-presidente Juan Manuel Santos, Uribe tentou deslegitimar através um plebiscito de 2016.

Nos anos 80 Uribe autorizava os voos com cocaína do traficante Pablo Escobar utilizando-se de seu cargo de ministro da Aeronáutica Civil da Colômbia. Em 1993 seu irmão Santiago Uribe fundou o grupo paramilitar os “Doze Apóstolos” com sede em uma fazenda da família chamada La Carolina.

Depois de 94, Uribe legalizou 87 organizações paramilitares com a chamada Convivir. Entre 1985 e 2012 foram responsáveis por 1.116 massacres. Uma delas foi a de El Aro, onde se assassinaram 17 pessoas. O líder das Forças Unidas de Autodefesa, Mancuso, acusa Uribe de estar ciente destas investidas.

Inclusive um dos helicópteros oficiais de seu Governo sobrevoaram El Aro durante o massacre. Sua participação principal se deu no transporte de munição até o lugar. Seu governo também colaborou com o massacre de La Granja de las Autodefesas de Córdoba y Urubá por uma área com forte influencia das FARC.

Durante a sua presidência, Uribe firmou com os Estados Unidos o Plano Patriota para receber dinheiro para “lutar contra as FARC”, mesmo após o dinheiro recebido do Plano Colômbia. Assim ele concedia dinheiro aos soldados que matavam membros das FARC e estes criavam os chamamos “falsos positivos”.

O Exército enganava crianças pobres e com problemas sociais diversos residentes das áreas de conflito. Os vestiam com roupas de guerrilheiros e em seguida os assassinava e então cobravam o prêmio prometido por Uribe.

Estas práticas registraram 5.763 falsos positivos; 32.000 pessoas desaparecidas e 2,7 milhões de deslocados. Em 2005 firmou a Lei de Justiça e Paz com as Forças de Autodefesa da Colômbia. Extraditou seus líderes para os EUA acusando-os de narcotráfico e salvando assim a si mesmo.

Salvatore Mancuso, um destes líderes, só pode testemunhar contra Uribe apenas agora em 2020 e pelo massacre de El Aro.

Em 2007 ordenou um bombardeio com ajuda da CIA contra um acampamento em Sucumbíos, Equador, para matar Raúl Reyes, uma liderança das FARC.

Em 2009 firmou outro acordo com os Estados Unidos para instalar bases militares estadunidenses na Colômbia Ambos os feitos geraram um conflito regional principalmente com a Venezuela.

Nesse mesmo ano a revista Semana revelou que o governo de Uribe escutava ilegalmente jornalistas e opositores através do Departamento Administrativo de Segurança.

Em 2005 Uribe comprou votos no Congresso para que pudesse ser reeleito, assim afirma Diego Palacio, seu ex-ministro da Justiça. Em 2014, o senador Iván Cepeda acusou Uribe de ter ligações com a fundação do Bloque Metro, ligado às Forças de Autodefesa da Colômbia, segundo ex-líderes do grupo paramilitar.

Diego Cadena, seu advogado, ofereceu pagar a Juan Guillermo Monsalve, um dos líderes da Força, para que mudasse seu testemunho perante o júri. Uribe queria reverter o caso contra Cepeda por “comprar os testemunhos” dos paramilitares contra ele. Seu advogado terminou preso por ordem da Suprema Corte. Hoje é o próprio Uribe quem teve sua detenção domiciliar ordenada pelos crimes de suborno de testemunhas e fraude processual.

Uribe, portanto não foi preso pelas suas ligações com grupos paramilitares da extrema-direita, e pelo seu papel de liderança na repressão às FARC e ao ELN, tão pouco pelas violações dos direitos humanos, sequestros, assassinatos, e massacres de camponeses, indígenas, movimentos populares. Sua prisão domiciliar se dá por uma questão quase que burocrática.

O movimento de extrema-direita que ele lidera foi apelidado de “uribismo” e seus partidários do Centro Democrático, também de extrema-direita – todos estão envolvidos com os paramilitares, incluindo o atual presidente, Iván Duque, que como um discípulo assíduo seu e dos ditames norte-americanos, está dando continuidade aos massacres de trabalhadores camponeses, indígenas e à perseguição política às FARC e de qualquer iniciativa de oposição ao regime.

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