Estudantes de todo o Brasil estão se preparando para o Exame Nacional do Ensino Médio, o ENEM, que encerrou as inscrições nessa sexta-feira (22). Com a pandemia do coronavírus e o consequente fechamento das escolas pela necessidade do isolamento social, o exame se tornou um dos principais focos de debate na Educação.
Há 6 dias, Ministério da Educação junto ao INEP, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, adiou o ENEM em 30 a 60 dias, pela pressão desse setor que é um dos mais afetados pela pandemia. O exame, agora, ao invés de ser em novembro, será em dezembro deste ano ou em janeiro, no início de 2021.
A pressão dos órgãos estudantis e educacionais, principalmente do ensino público não para de crescer. Desde que o ensino foi suspenso, e da ausência de instrumentos públicos satisfatórios para o suporte a distância, o conhecido EaD (Ensino à Distância), vêm trazendo à tona o tamanho a desigualdade e iluminando as barreiras do acesso, não só ao Ensino Superior, como à Educação em geral.
No Brasil todo, são milhares de estudantes que não somente perderam seus ritmos de estudo, tanto pela diminuição de conteúdos quando pela pressão psicológica da pandemia, mas perderam o único meio formal que eram suas escolas. É de conhecimento público que o fechamento das escolas e universidades é intrínseco para a contenção da taxa de contágio do vírus, e por assim dizer no número de mortos pelo coronavírus no país enquanto não se instalam medidas nacionais e postos de vacinação ao vírus.
Porém, a não suspensão do exame trouxe à tona a indignação de milhares de estudantes. Enquanto uma parcela das redes privadas de ensino seguem seus estudos online, EaD, com conteúdos diários, acompanhamento, e professores à disposição, estudantes da rede pública mal conseguem computadores, internet, e espaços adequados para o preparo aos exames vestibulares como o ENEM.
Dentre pesquisas e entrevistas aos estudantes no ensino médio, a disparidade de condições é extremamente alta. Muitos se esquecem inclusive dos estudantes com deficiência que, mesmo em suas escolas adaptadas para a educação específica de cada debilidade, já não possuíam as mesmas condições que os demais estudantes. Agora com a pandemia, suas condições se tornaram o ambiente doméstico, dependendo das condições de suas casas e famílias.
O Exame Nacional do Ensino Médio que foi criado para a ampliação do acesso às universidades públicas nacionais já não está servindo propriamente para esta finalidade. A direita, o ensino privado, a pequena-burguesia e a burguesia estão aproveitando o momento de pandemia para tomar o espaço públicos de qualidade que restavam à classe operária por alguns projetos públicos de acesso e ensino. Para tanto não restará nada à classe operária. É o momento de mobilização do movimento estudantil, dos grêmios e DCEs das universidades. É momento de parar tudo e ir às ruas por condições iguais ao ensino público gratuito de qualidade, e estatização de toda rede de ensino.