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Campanha imperialista

Além do “óbvio ululante”: a majestade de Pelé em números

A expressão "óbvio ululante" era usada por Nelson Rodrigues como maneira de dizer que não há como colocar em dúvida a superioridade do futebol brasileiro

A expressão “óbvio ululante” era usada por Nelson Rodrigues como maneira de dizer que não há como colocar em dúvida a superioridade do futebol brasileiro, era algo tão óbvio quanto falar que o céu azul é azul, mas que muitos jornalistas (como hoje) insistiam em procurar defeitos para rebaixar o futebol brasileiro numa campanha ideológica de ataques na imprensa burguesa.

Nas últimas semanas, surgiu através dos veículos tradicionais de cobertura esportiva uma grande comparação entre os números de gols do Rei, o grande mestre Pelé, o maior artífice de todos os tempos na arte de jogar futebol, o homem que elevou, como ninguém, o esporte a outro nível, teria sido ”ultrapassado” por jogadores muito menores, pra ser bastante educado.

Centroavante aipim e baixinho europeu superam o Rei. Será?

Segundo a coluna futebolística dos jornalistas pautados pelo imperialismo, o centroavante Cristiano Ronaldo e o argentino ”europeu” Lionel Messi, teriam feito mais gols marcados em suas carreiras que o negrão filho de lavadeira, símbolo do povo oprimido e que representou a perfeição da arte de jogar bola.

Para começar, estes dois aí sequer são melhores que Neymar. Isso é evidente na campanha intensa que os dirigentes do Barcelona fazem pelo retorno do craque brasileiro ao clube espanhol, era Neymar o grande jogador do clube catalão em suas épocas de grandes títulos, não Messi. E já que estamos falando de estatísticas, por que não acrescentar que na idade de Neymar, Cristiano Ronaldo tinha muito menos gols, e ele é 7 anos mais novo.

Mas voltando ao óbvio ululante, Pelé, que ganhou 3 copas do mundo contra nenhuma destes dois é acusado de ter sido batido por Messi em número de gols por um único clube e por Ronaldo a de total gols na carreira. Mas o que acontece exatamente nesse caso das comparações, que além de contrariarem o óbvio, se tratam de uma forma de valorizar o passe desses jogadores e desvalorizar o dos jogadores brasileiros, não apenas Neymar.

Os europeus utilizam o critério de apenas os gols anotados em jogos oficiais, uma forma muito conveniente para excluir centenas de jogos bastante competitivos e prejudicar a contagem do Rei. Historicamente, os dados e feitos em amistosos sempre foram contados pelos clubes e atletas brasileiros. Também pudera, o Rei marcou 1282 gols na carreira, 1081 apenas pelo Santos.

Europeus usam critérios convenientes que só funcionam para eles

Diferente dos europeus, o futebol brasileiro só ganhou um calendário amplo de torneios apartir dos anos 50 com a Taça Brasil. Pelé construiu uma importante trajetória de glória em diversas excursões pelo time do Santos em que multidões paravam pra ver o Rei dar o seu show, especialmente após o título do Mundial de 1958, como aconteceu em 1959, quando o time alvinegro foi à Europa pela primeira vez para uma viagem que durou 43 dias, nos quais disputou 22 jogos.

O Santos enfrentou o Real Madrid de Di Stéfano, na única vez que ele e Pelé se encontraram. No estádio Santiago Bernabéu, os donos da casa venceram por 5 a 3, e o Rei marcou um dos gols santistas. Contra a Inter de Milão, em Valência, os brasileiros golearam os italianos por 7 a 1, e Pelé fez quatro.

“O argumento de alguns analistas é que outros tantos destes 448 gols marcados em disputas amistosas foram diante de adversários frágeis, como seleções de pequeno porte ou combinados regionais. Ainda assim, as partidas foram disputadas com uniformes oficiais, com as regras oficiais do jogo e com súmula”, escreveu Fernando Ribeiro, da Associação dos Pesquisadores e Historiadores do Santos FC, em texto divulgado pelo clube.

De acordo com informações cedidas pelo Santos, conferidas em sites de estatísticas e checadas pelo jornal Folha de São Paulo, jogo a jogo, os 757 gols de Pelé são divididos da seguinte forma: 643 com a camisa do Santos, 37 pelo Cosmos e 77 pela seleção brasileira. Com 757 gols oficiais em 822 partidas, o camisa 10 da seleção no tricampeonato mundial registra índice de 0,92 gol por jogo. Quase um gol a cada duelo por competições na carreira.

Muito além dos números, a velha campanha contra o futebol brasileiro

A questão, no entanto, vai muito além dos números de gols. Trata-se, portanto, da tentativa de forçar uma comparação entre o Pelé – maior jogador de todos os tempos, representante do “futebol arte” brasileiro e os jogadores da atualidade que, por acaso, representam o futebol europeu, onde centraliza os jogadores mais bem pagos do planeta, onde os grandes monopólios esportivos depositam vultuosas somas de dinheiro para produzir um futebol que retire do Brasil o título de maior fonte de craques do mundo.

Nesse sentido, podemos dizer que se trata de duas coisas principais: em primeiro lugar, a comparação com Pelé serve para valorizar esses jogadores europeus, comparar com o melhor de todos os tempos é o melhor jeito de valorizar o passe desses jogadores.

Segundo, é um ataque contra o futebol brasileiro por meio do ataque ao maior craque. Eles querem apagar o óbvio ululante de que Pelé é superior a qualquer um desses jogadores. Essas notícias, inclusive, vêm acompanhada de duvida sobre o Pelé e assim sobre a própria qualidade do futebol brasileiro. É, nesse sentido, por isso, uma expressão da colonização da imprensa burguesa em detrimento dos interesses capitalistas europeus.

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