O estado do Mato Grosso do Sul tem a maior reserva indígena do país. O município de Dourados, no centro-sul do estado, entre a Serra de Maracaju e a bacia do Rio Paraná, contém a maior população indígena do estado, com quase 18 mil índios. Justamente lá foi registrado o primeiro caso de Covid-19 em território indígena, oficialmente reconhecido pela Secretária do Estado de Saúde (SES) na tarde de quarta-feira (13), uma mulher de 35 anos, que atualmente se encontra em isolamento domiciliar. Não foi informado pela SES qual a aldeia de origem da indígena.
A informação que o governo do estado repassou, foi que a mulher é funcionária de um frigorífico do grupo JBS. A empresa foi notificada pela SES e está avaliando outros funcionários que tiveram contato com a pessoa contagiada.
Em tempos de grande surto de contágios da pandemia no país, aumentando cada vez mais o número de mortos e infectados pelo Covid-19, população indígena está em risco após a primeira confirmação na maior reserva do país, não se tem médicos, equipamentos e nem testes para o povo.
No estado existem polos da SESAI (Secretária Estadual de Saúde Indígena), criado para levar tratamento básico de saúde para o povo. Em Aquidauana, outro município com forte presença da população indígena, apenas um médico está disponível para atender 11 aldeias e 10 mil pessoas, percorrendo mais de 150 km por dia em viatura da saúde totalmente sucateada.
O coordenador do polo base (SESAI), Antônio Mariano, em entrevista ao Campo Grande News sobre a demanda para a unidade de Aquidauana (que ainda abrange os municípios de Nioaque e Anastácio) afirma que:
“Aquidauana tinha três equipes médicas, aí a própria Missão não conseguiu colocar mais um, ficamos com dois. O médico que nos atendia pediu para sair. Aí tentamos buscar apoio da Prefeitura, para ver se conseguia que nos atendesse semanalmente, mas o município tem alguns médicos que são idosos, afastados por conta da pandemia, e está difícil de nos atender. Estamos aguardando posição deles para ver se consegue repor essa deficiência”
O governo fascista de Bolsonaro, além de querer roubar todo o território indígena do país para entregar aos latifundiários e grileiros de terra, abandona a população em plena pandemia, com apenas um médico.
Após essa primeira confirmação entre os indígenas de Dourados, a população e suas aldeias sofrem sérios riscos, exponenciados pela falta de atendimento médico, o que pode ainda levar ao aumento do contágio. A falta de apoio do governo federal deixa clara a política bolsonarista de genocídio da população indígena e o efeito do golpe de estado de 2016. A questão é que não se terá médicos para a SESAI atender os índios nem a prefeitura e nem o estado irão fornecer nada e nenhuma perspectiva resta ao conjunto da população indígena além do colapso na saúde.