A aldeia Samaúma Rosa Branca , localizada na terra indígena Seringal Independência no Município de Jordão Acre pegou fogo. Esta é a notícia divulgada e postagem em redes sociais de líderes indígenas da região na segunda -feira 06 de janeiro.
“A aldeia Sámauma rosa branca, aldeia do Ibã Hunikuin, terra indígena seringal independência auto Rio Tarauacá município de Jordão, Acre , Brasil. A aldeia pegou fogo!Estão com necessidade urgente de alimentos, roupas, higiene, saúde, materiais de construção. Por favor, contribua como for possível!”
Jordão é um município de difícil acesso, com extensão de 5429km² , população estimada em 7330 habitantes, sendo que 80% deles residem na zona rural. O município faz divisa com o Peru , e assim como outros municípios do Acre, abriga extensas áreas de reservas extrativistas e terras indígenas. A localidade tem sido notícia nacional por conta da existência de índios arredios em seu território e disputas entre madeireiros Brasileiros e Peruanos.
A aldeia Rosa Branca abriga em torno de 200 índios da etnia Huni Kuin e sua reserva tem extensão de 15000 hectares, equivalendo a um pouco mais de 2% do município.
Recentemente foi aprovada o cancelamento da fiscalização ambiental em uma das reservas ambientais mais importantes do Acre, a reserva Chico Mendes. A proposta foi amplamente apoiada pelos deputados federais do estado, todos ligados aos interesses do agronegócio que produziu um crescimento na ordem de 203% no desmatamento nas unidades de conservação do estado em 2018. A presença de índios nas reservas ambientais dificulta a expansão do agronegócio, assim como a extração ilegal da madeira.
Este incêndio chama a atenção pela própria notícia em si, e os comentários abaixo do post são reveladores sobre o que acontece na região. Os meses correspondentes ao verão no hemisfério sul, são os meses denominados como inverno amazônico na região devido às intensas chuvas deste período. Causa curiosidade o fato de uma aldeia localizada em meio a uma reserva florestal simplesmente “pegar Fogo”.
O governo Cameli, do estado do Acre, assim como o do fascista Bolsonaro é declaradamente pró- agronegócio e certamente “aldeias pegando fogo“ em pleno inverno amazônico corre o risco de tornar-se notícia comum, prenúncio de ataques mais violentos, inclusive com mortes, como as que ocorreram ao longo de 2019.
O povo indígena está organizado em associações que buscam defender os interesses de sua população. Episódios como este, embora nenhuma denúncia formal tenha sido feita, evidenciam a vulnerabilidade destas populações colocando em pauta a necessidade da ampliação de suas entidades organizativas e a criação de comitês de auto defesa nas comunidades indígenas, assim como tem ocorrido nas cidades e no campo.