Entre 17 de março e 10 de agosto, cerca de 1.100 pessoas deixaram os cárceres alagoanos. Entre esses mil, 600 presos deixaram os presídios com base o agravamento da pandemia dentro das cadeias brasileiras. O caso é, de fato, um tanto extraordinário em meio a forte campanha e política reacionária da direita de que se deve entupir as prisões brasileiras em meio a pandemia, isto é, aproveitar a situação para estabelecer no País verdadeiros campos de extermínio da população pobre, aquilo que antes eram depósitos da população pobre.
É de comum conhecimento a situação calamitosa e medieval dos presídios brasileiros, onde centenas de milhares de brasileiros se amontoam aos montes em cenas superlotadas. Além dessa situação de se amontoar em cubículos, onde em alguns casos centenas de pessoas se aglomeram em celas onde a capacidade máxima é de vinte pessoas, os presídios não contam com coisas básicas para própria habitação. Falta água potável, energia elétrica, saneamento básico e comida para os presos. Além de torturas rotineiras que os presos sofrem dos agentes penitenciários e as doenças que se espalham aos montes nas celas, desde bronquite, pneumonia até HVI, hepatite, etc. Isso em situações “normais”.
Os presídios brasileiros são, na sua totalidade, verdadeiros infernos na terra. Com a situação da pandemia, deixaram de ser meros depósitos e viraram campos de extermínios da população. A situação se agrava rapidamente nos presídios. Os casos, nesses locais superlotados e já com péssimas condições de sobrevivência, explodem dentro das celas. Em vários casos, como por exemplo um presídio de caráter “provisório” em São Paulo onde os casos já se espalharam entre 47% dos presos.
Um presídio que já tem um caráter materialmente ilegal, pois prendem pessoas que não foram julgadas, o que já mostra o caráter reacionário do sistema judiciário e todo aparato repressivo do Estado. Que antes eram depósitos de pessoas, hoje de cadáveres. Diante dessa situação o que ocorre em Alagoas não deveria ser uma exceção, mas uma regra geral e deveria ser ampliado em número e grau. É necessário exigir a libertação de todos os presos, principalmente os presos que são pegos pelas garras do aparato repressivo com crimes absolutamente artificias, como é a situação de cerca de 85% dos presos brasileiros que estão encarcerados por tráficos de drogas. É sem dúvida nenhuma um genocídio em campos de concentração e deve ser barrado por uma ampla mobilização do povo contra esse crime gigantesco que afeta quase um milhão de pessoas no Brasil.