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Eleições

Ala direita do PT fez um acordo com ACM Neto em Salvador?

Jaques Wagner em entrevista exalta ACM Neto

As eleições municipais foram montadas para que o centro direita, que deu o golpe de 2016, e se apresenta como “diferente” do presidente Jair Bolsonaro pudesse ter vitórias eleitorais.

Dentre os partidos do centro, os que obtiveram melhores resultados foram justamente os partidos do centro mais inclinados à direita, como o DEM, PP e PSD, precisamente os partidos oriundos da antiga Arena, depois PDS depois PFL que representa a direita tradicional, que estava no poder na época da ditadura militar.

Na Bahia, a vitória acachapante do candidato de ACM Neto do DEM em salvador, Bruno Reis, ainda no primeiro turno, indica que além do esquema tradicional montada pela direita, houve uma inestimável colaboração da “oposição”, no caso do PT, controlado na Bahia, pela sua ala direita que detém o executivo estadual.

A declaração do ex-governador da Bahia, o petista Jacques Wagner à rádio Metrópole, de Salvador, mostra de maneira cabal que há um acordo tácito entre o PT da Bahia (ala direita) e a direita, liderada pelo neto de ACM.

“Óbvio que ele saiu forte. Elegeu sucessor dele. Trabalhou corretamente. Colocou Bruno de vice. Evidentemente foi visto. Como falei: as pessoas olhavam pra Rui, sabiam do peso de Rui, mas qualquer pessoa que entende de pesquisa sabe que em disputa de cargo de prefeito, a referência maior é o prefeito atual”, afirmou Wagner. (https://www.bnews.com.br/noticias/politica/287664,wagner-admite-que-acm-neto-saiu-mais-forte-das-urnas-elegeu-sucessor-trabalhou-corretamente.html)

Apesar de governar a Bahia a quatro mandatos seguidos, e Salvador ser uma das capitais que sempre deram uma estrondosa votação para os candidatos petistas nas eleições presidenciais, com o ex-presidente Lula ostentando altos índices de apoio em qualquer sondagem de opinião, o PT nunca consegui vencer uma eleição na capital baiana.

A avaliação de Wagner é parte da explicação da vitória dos candidatos do DEM em todo esse período, e em 2020, em particular. Ao contrário do que afirma, o senador petista, não existe de fato apoio popular ao DEM ou a gestão de ACM Neto como prefeito. Eleição do sucessor por ACM Neto não foi fruto do acaso nem da conversão do povo de Salvador ao DEM, na verdade o que acontece é que não houve enfrentamento nas eleições. O candidato Bruno Reis, como se diz nadou de braçada devido a capitulação do PT.

Em primeiro lugar, durante toda a gestão de ACM Neto, o PT não organizou uma oposição de fato em Salvador. O que se viu durante quatro anos foram escaramuças pontais que serviam mais para ressaltar as ações do governo do DEM do que propriamente estabelecer uma contraposição. O mito de que ACM Neto não “ presta”, mas é um “ bom gestor” foi o mantra que o PT e os demais partidos da “ oposição” institucional estabeleceram para efetivamente de maneira envergonhada apoiarem o governo municipal do DEM em Salvador.

Alguns poucos episódios selecionados davam a impressão de que o governador de “esquerda” e o prefeito de direita não se bicavam. Entretanto, com o passar do tempo foi ficando cada mais rara estas “ descortesias ”.

Se antes das eleições para o governo do estado de 2018, podiam se vê encenações bastantes comentadas como trocas de farpas em palanques compartilhados em cerimônias oficiais como Dois de Julho, ou mesmo não se encontraram durante o carnaval são coisas do passado.

Inclusive, a tão esperada “disputa” entre o governador petista Rui Costa e o prefeito ACM Neto nas eleições 2018 não aconteceu. O governador foi reeleito  com a desistência do prefeito da capital em disputar o pleito. Essa desistência já indicava uma costura de acordo entre a direita do PT e o presidente nacional do DEM, ACM Neto?  Bem, é difícil comprovar cabalmente, mas é certo que a partir daí as relações passaram a ser não somente mais “institucionais”, mas até mesmo cordiais.

Antes das eleições de 2020, foi selado um pacto entre ACM Neto e Rui Costa em torno da frente ampla contra Bolsonaro, especialmente no que diz respeito a propagação do coronarivus. Como não é segredo para ninguém, Rui Costa e Jacques Wagner representam um setor de direita dentro do PT, que defende a aproximação com setores do centro, chamado equivocadamente de “direita civilizada”, sendo que o DEM de ACM Neto e do Presidente da Câmara de Deputados, Rodrigo Maia integrantes desse setor. É a política de “virar a página do golpe” e se integrar ao regime controlado pelos golpistas.

O governo Bolsonaro foi estabelecido com adesão de ACM Neto, que apoiava a candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência da República, sendo inclusive o coordenador da campanha nacional, mas como praticamente toda a burguesia foi obrigado a apoiar Bolsonaro contra o PT.

Pois bem, no início do governo Bolsonaro, enquanto o DEM de ACM Neto integrava o governo golpista, com a indicação de ministros, o governador da Bahia, aplicava a política bolsonarista desmonte da previdência pública, declarando desejar “ boa sorte ao novo governo Bolsonaro”.

Em virtude do agravamento da crise política, com a respectiva divisão das forças que apoiaram a eleição de Bolsonaro, ACM Neto se juntou com Dória e outros governantes da extrema direita para fomentar a “ oposição democrática”. A margem de integração da oposição com falastrão Bolsonaro foi quebrada, o que colocou neste jogo político, ACM Neto e o PT baiano no “ mesmo lado”, ou seja o DEM não era mais visto, mais como um adversário de todas as horas, mas agora até mesmo como um “ aliado” eventual e apresentado pelos defensores da frente ampla como uma aliança necessária e desejada para combater o “ fascismo” e o “ bolsonarismo”.

Esse conteúdo fundamental que explica os contornos gerais do acordo entre o PT e o DEM na Bahia, que se expressou no lançamento da candidatura da Major Denice, que foi imposta por Wagner e Rui ao PT, pois era preciso ter a garantia que ACM Neto elegeria seu sucessor. Qualquer outra candidatura do PT por menos conhecida que fosse, por menos apoio que tivesse levaria o acordo a um impasse, pois haveria uma campanha de rua, com a participação da militância, o que levaria fatalmente as eleições ao segundo turno em Salvador, desmontado a noção de “ aprovação” da gestão do DEM.

Na verdade, Wagner e Rui não capitularam em relação a um adversário mais forte. Não se trata disso.  O que a direita do PT fez foi implementar a política de frente ampla nas eleições de Salvador através da sabotagem pura e simples da candidatura do PT para favorecer o candidato de ACM Neto. Em política geralmente não é possível comprovar detalhes e provas cabais de acordo de bastidores, mas os passos, mas sobretudo os resultados concretos indicam que Wagner e Rui simplesmente sabotaram deliberadamente a candidatura do PT em Salvador, para garantir a vigência do acordo em torno da frente ampla com seu aliado de direita. Os resultados no 2 turno, com a derrota dos candidatos do PT, em Feira de Santana e Vitória da Conquista em eleições abertamente fraudadas pelos aliados de ACM Neto evidenciam que a política da direita do PT representa somente derrotas para o próprio PT, não somente em Salvador, mas em praticamente toda a Bahia.

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