Nos últimos dias, a deputada federal Marília Arraes, escolhida no último fim de semana pela Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) para concorrer às eleições municipais de Recife, tem sido atacado por setores direitistas de seu próprio partido. Cirilo Mota, presidente do Diretório Municipal de Recife, mostrou sua insatisfação, assim como dos outros elementos da ala direita do PT, à escolha de Marília, acusando a direção de impor a decisão e reforçou a aliança com o PSB.
A escolha de uma candidata da própria legenda é algo que deveria ser, no mínimo, natural, e não ser objeto de estranhamento dentro do PT. Um partido que de abra mão de seu programa e apoie outro em uma eleição é que deveria ser um acontecimento extraordinário. A oposição de Cirilo à escolha de Marília Arraes, contudo, se dá porque expressa os interesses da base mais militante do PT, disposta a lutar pelos direitos democráticos de Lula e contra o governo Bolsonaro.
A escolha de Marília Arraes para concorrer às eleições municipais é um indicativo de radicalização da base do PT, pois, se a base teve mais força na decisão, o esquema e engessamento da ala mais conservadora do PT de adaptar-se às eleições burguesas começa a perder o controle e periga desestabilizar-se mais seriamente.