O golpe de 2016 desdobrou-se em uma série de ataques à população. O aumento da repressão, da censura e do desemprego foram alguns dos sintomas mais evidentes destes ataques.
Na grande mídia burguesa, um fator que não está disposto com frequência é a questão da água. O Brasil é um país conhecido por ter inúmeras fontes de água de excelente qualidade. Entretanto, o abastecimento à população, especialmente a das periferias e do interior é um fracasso absoluto.
Além dos conhecidos casos de água barrenta, cheia de ferrugem ou pequenos dejetos, sejam por falta de métodos corretos de tratamento quanto por redes de abastecimento sem manutenção alguma, ocorre o problema da contaminação por agrotóxicos.
O governo fascista brasileiro promove um afrouxamento criminoso do uso de agrotóxicos no país. De 2016 (ano do golpe) para cá, a quantidade de agrotóxicos liberados cresceu de 277 para 474 (2019) por ano. Apenas 8,4% destes 474 agrotóxicos liberados em 2019 são feitos para uso na produção orgânica. Isto mostra o aprofundamento das políticas de subserviência ao grande capital. Empresas produtoras de venenos, como Bayer e outras, despejam, no Brasil, cada vez mais, produtos que já não são permitidos nos países centrais.
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) denuncia que o uso exacerbado de agrotóxicos nas lavouras do país está contaminando a água levada à população das cidades. Por isto, a entidade pede que sejam adotadas medidas mais rígidas de controle da qualidade água, com moldes nas regulações utilizadas na União Européia, as mais avançadas do mundo.
A liberação acelerada de agrotóxicos tem como raiz a pressão dos grandes latifundiários, através da bancada ruralista. Eles têm, nos agrotóxicos, especialmente nos mais danosos à saúde, uma ferramenta barata para aumentar a produção, mesmo que isso signifique um dano ambiental e de saúde pública sem precedentes. No fim das contas, o lucro será privado, mas todos os custos advindos da atividade predatória serão socializados e caberá à classe trabalhadora ter de sofrer as consequências.
Um ponto interessante a ser analisado é que a legislação brasileira não distingue produtos biológicos, não danosos à saúde, dos químicos, boa parte comprovadamente cancerígena e indutora de outros problemas à saúde humana. Tem-se aí mais uma arma do aparato ideológico da direita, que procura dificultar e encarecer a agricultura orgânica, bastante praticada pela agricultura familiar e pelo Movimento Sem-Terra (MST).
Portanto, cabe à classe trabalhadora, do campo e da cidade, se unir para derrubar os grandes latifundiários, a implementação de uma reforma agrária radical, que dê terra ao trabalhador e o fim do uso de agrotóxicos químicos nas plantações.