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Anulação dos processos

Agora toda a esquerda que nunca fez nada é Lula desde criancinha

Flávio Dino, Guilherme Boulos, Jones Manoel e tantos outros abutres que estavam disputando os espólios de Lula agora aparecem como grandes fãs do ex-presidente

Com a decisão monocrática de Edson Fachin, ministro do Supremo Tribunal Federal, o ex-presidente Lula teve anulado todas as sentenças impostas  pela Justiça Federal de Curitiba e está, nesse momento, elegível. Lula, o maior líder de massas do País, que lidera qualquer pesquisa honesta de intenção de votos, poderia agora disputar as próximas eleições presidenciais.

A decisão não é pouca coisa. É o fato político mais importante do ano de 2021 até o momento. E é justamente por isso que anulação dos processos impactou desde a Bolsa de Valores, levando a uma alta considerável do dólar (como parte da pressão dos especuladores), até mesmo à  mudança na postura de todos os políticos do regime.

Com Lula na disputa, o PSDB e os partidos do “centrão” — isto é, os partidos da direita nacional — perdem qualquer chance de vencer alguma disputa eleitoral. Completamente desmoralizados por causa do golpe de Estado e da política neoliberal, serão obrigados a se agrupar em torno do único político de direita que tem alguma base social: o fascista Jair Bolsonaro. Como não podem apoiar Bolsonaro, pois isso levaria a sua liquidação política, os políticos da esquerda nacional entraram em crise com a sua política anterior.

Flávio Dino (PCdoB), Guilherme Boulos (PSOL), Jones Manoel (PCB), Rui Costa (PT) e tantos outros dirigentes da esquerda pequeno-burguesa nunca esconderam ser partidários da política de frente ampla, de colaboração com a direita golpista. Flávio Dino foi quem levou essa política às maiores consequências: defendeu que o PCdoB se integrasse ao PSB, mostrou-se disposto a fazer uma aliança com Luciano Huck, apoiou o Republicanos no Maranhão etc. A prática de apoiar a direita nacional sempre vinha acompanhada de discursos em nome de uma suposta “união nacional” contra o bolsonarismo.

Boulos e Jones Manoel não têm, em seu histórico, uma trajetória tão repleta de acordos com a direita golpista. No entanto, de maneira mais dissimulada, defendem o mesmo tipo de aliança. Boulos assinou manifestos com Armínio Fraga e Fernando Henrique Cardoso, prometeu aumentar a repressão caso eleito prefeito e encontrou-se com os empresários envolvidos no golpe, além de sabotar os atos Fora Bolsonaro, atendendo aos pedidos do governador direitista João Doria (PSDB). A única diferença é que, para justificar essa política direitista, Boulos faz uma demagogia pseudo-esquerdista: apresenta-se como uma alternativa radical ao PT, mas justamente por não ter  um apoio real na classe operária, acaba servindo como um instrumento da própria burguesia para dispersar a luta contra o golpe.

Jones Manoel, que atuou como cabo eleitoral de Boulos, segue pelo mesmo caminho. Enquanto o governo de Dilma Rousseff estava sendo atacado, o youtuber do PCB, inspirado em Boulos, clamou a população para que lutasse contra o governo petista, e não contra o golpe. Jones Manoel chegou a chamar o golpe de “histeria”.

Por essas e outras, nos planos da “frente ampla”, nunca esteve a defesa real dos direitos do ex-presidente Lula. Afinal, Lula teve seus direitos cassados justamente para impedir que ele tivesse uma participação ativa no regime político: não pudesse ser ministro do governo Dilma, não pudesse ser candidato e não pudesse, nem mesmo, fazer campanha para o candidato de seu partido. A frente ampla está em oposição aos direitos de Lula porque, finalmente, Lula não cabe na frente ampla. Como é apoiado em um amplo movimento, que vem desde a luta contra a ditadura militar, que viveu a luta contra o golpe e que envolve milhões de pessoas, a burguesia teme, neste momento de ofensiva neoliberal, formar uma frente com o ex-presidente. Caso assim fizesse, a tendência do movimento popular e operário pressionar essa frente a defender suas reivindicações seria muito grande, inviabilizando o plano dos golpistas de levar sua política adiante.

É por isso que os defensores da frente ampla nunca defenderam, de fato, o ex-presidente Lula. Boulos lançou uma candidatura própria, buscando, sem sucesso, recolher os espólios do ex-presidente nas eleições de 2018. Também nunca levou adiante uma campanha por sua liberdade, nem mesmo participando dos atos em Curitiba convocados em frente à Polícia Federal. O mesmo pode ser dito por Flávio Dino. Nas últimas eleições em Recife, inclusive, o PCdoB se aliou ao PSB para combater a candidata apoiada por Lula, do PT, em uma clara tentativa de favorecer a frente ampla com os partidos golpistas. Já Jones Manoel, em entrevista há alguns meses a Breno Altman, reconheceu que, para ele, a defesa dos direitos de Lula nunca deveria ter sido levada para as lutas da esquerda em geral — no movimento sindical, no movimento estudantil etc.

Curiosamente, esses mesmos setores agora aparecem como grandes “fãs” do ex-presidente Lula. Flávio Dino procura se mostrar como grande lutador por seus direitos e até mesmo Jones Manoel, talvez o que mais tenha atacado o ex-presidente e o PT, fala da incontestável importância de Lula. E  por que essa mudança repentina? Ora, porque como típicos pequeno-burgueses, sua política é centrista: ora querem aparecer ao lado de Lula, quando o ex-presidente está em alta e parece em condições de disputar uma eleição, ora aparecem contra Lula, quando veem que a única chance de sobreviverem no regime é apoiando a frente com a burguesia. Seu único programa, portanto, é a permanência no regime.

O que comprova que se trata de uma política centrista é que, até o momento, esses políticos não apresentaram um programa real em defesa de Lula. Sua defesa é tão somente demagógica e oportunista. Se de fato defendem Lula, deveriam renunciar as candidaturas que prometeram apoiar em 2022 e iniciar a campanha por Lula presidente, única candidatura capaz de impulsionar uma mobilização de amplas massas populares e de suas organizações de luta que possam levar à derrota da direita golpista.

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