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Direita impõe a ditadura

“Aglomerações”, pretexto ideal para a direita reprimir o Carnaval

A proibição do carnaval mostra mais uma vez que já estamos vivendo em uma ditadura. O povo pode trabalhar até morrer, mas se divertir nunca

Com o completo descontrole da pandemia do coronavírus no Brasil, o carnaval, a maior festa popular do país, foi proibido em todo o País. Na cidade de São Paulo, por exemplo, celebrar a festa pode ser considerado um crime, punível com multas, prisão e muita repressão.

O prefeito tucano Bruno Covas, cancelou as festividades e anunciou que além de estarem proibidos os festejos, ainda foi cancelado o ponto facultativo da terça-feira de carnaval (dia 16), fazendo com que, além da festa estar proibida, as pessoas estão obrigadas a irem trabalhar.

As manifestações dos blocos de rua, festas, encontros nas escolas de samba, manifestações espontâneas de pessoas nas ruas, tudo isso será reprimido duramente pela Polícia Militar, Polícia Civil e a Guarda Metropolitana. Dando apoio às forças repressivas do Estado e do Município estarão também presentes os órgãos de vigilância sanitária, para dar uma aparência mais “científica”.

Serão mais de 30 mil policiais militares fazendo a fiscalização em todo o estado de São Paulo, durante os seis dias da folia cancelada, contando ainda com o apoio de helicópteros, cavalaria e muitas viaturas.

Bairros onde costumeiramente acontecem os desfiles de blocos de rua, como Vila Madalena, Pinheiros, Bexiga e Consolação, serão pontos de concentração da fiscalização.

Além de toda essa repressão ao carnaval, os bailes funk e os pancadões continuam a ser proibidos, dentro da repressiva Operação Paz e Proteção, que só serve para perseguir e matar os negros, moradores dos bairros da periferia.

Qualquer um que estiver descumprindo as medidas acima ou se não estiver usando a máscara, pode ser enquadrado no artigo 268, que no caso de condenação, pode ser preso por um período de um mês a um ano e ainda levar uma multa.

A polícia ainda fará operações de “prevenção”, para impedir que aglomerações ou encontros aconteçam. Nestes casos a polícia estará liberada para invadir esses locais, dispersar as pessoas e enquadrar os “responsáveis”, para que estes respondam perante a justiça burguesa pelo seu “crime”.

Ora, toda esta repressão será usada contra a população, que será criminalizada apenas porque esperou por um ano inteiro para comemorar uma data tradicional, historicamente um feriado seria possível se divertir por alguns dias sem precisar trabalhar.

Esta situação não é nova. Desde que o carnaval começou a ser celebrado nas ruas que a burguesia tenta silenciá-lo, calá-lo, criminalizá-lo ou finalmente proibi-lo. Isso acontece porque a burguesia sabe que a cultura é parte importante do povo. A cultura instrui as pessoas e leva a uma maior consciência social e de seus direitos. Isso é sempre uma ameaça para o regime, que sempre usou da força policial para essa opressão.

Nas demais capitais

No estado de São Paulo, o governador fascista João Doria cancelou o carnaval e também o ponto facultativo.

Na cidade do Rio de Janeiro o prefeito Eduardo Paes adotou posição semelhante e proibiu os desfiles das escolas de samba e a presença dos blocos nas ruas. Reforçando essas medidas o prefeito vetou a concessão temporária das licenças dos ambulantes, que costumavam vender bebidas no carnaval e também proibiu a entrada de ônibus ou outros veículos que trariam foliões para as festas na cidade.

O prefeito prometeu ainda a invasão de festas particulares e apreensão de carros de som. Esta situação será repetida na maior parte das capitais do país.

São Paulo, a cidade com mais mortes pelo coronavírus

Atualmente a cidade de São Paulo está na sua fase amarela, o que quer dizer uma fase na flexibilização da quarentena. Para se ter uma ideia deste absurdo podemos ver os últimos números divulgados pelo Núcleo de Comunicação do Comitê de Crise da Prefeitura de São Paulo. Segundo estes números oficiais são 595.068 casos confirmados (o número de casos suspeitos vai para 737.102), com um total de 17.852 mortos.

Estes números dizem que apenas a cidade de São Paulo é responsável por 7,6% do total de mortes no país, que já chega a mais de 236 mil mortos. A tabela nos informa também que há uma média de 65,7 mortos por dia na capital, com quase a totalidade dos leitos de UTI tomados. São números totalmente manipulados para dar uma aparência de estabilidade do quadro geral.

De todo modo, a política de contenção do vírus por João Doria se mostrou completamente ineficaz, do mesmo modo que o que foi feito pelo governo federal. A vacinação é uma farsa, uma demagogia feita para mostrar que o governo está tomando alguma atitude. As vacinas já se esgotaram, não há previsão de quando a população será efetivamente vacinada, com duas doses para cada pessoa.

É uma cobertura para o fato de que a política de criminalização do carnaval serve para esconder a falta de uma política real de combate ao vírus e ainda pior, o ódio que a burguesia tem de uma manifestação popular como o carnaval. Para Doria e a burguesia as aglomerações do carnaval são um perigo sanitário enorme.

No entanto, para a população sair às ruas, pegar um transporte lotado, ir trabalhar em meio a enormes multidões de pessoas, isso não tem problema algum. Pela propaganda da burguesia, aquela divulgada a todo momento na imprensa tradicional e nas TVs só se pega o coronavírus quando o povo está se divertindo. Se estiver trabalhando não há problema algum!

O ódio histórico da burguesia pelo carnaval

A pandemia do coronavírus surgiu como a desculpa perfeita para a burguesia coibir a celebração do carnaval. Desde os tempos da monarquia que o carnaval é perseguido, criminalizado e reprimido pela polícia.

No século XVII existia a festa conhecida como entrudo, um costume trazido pelos portugueses. Ele começou sendo festejado em Pernambuco, pelos trabalhadores que se reuniam para a Festa de Reis. No final do século XVIII já era praticado em todo o país, o que escandalizava a burguesia, que considerava os festejos como algo sujo e violento. A partir do início do século XIX foram feitos esforços para “civilizar” esta festa, sendo transferida para os salões, imitando os foliões mascarados das festas francesas e colocando o entrudo, que ocorria nas ruas, sob forte repressão policial.

Nos anos seguintes o carnaval começou a se manifestar no formato de cordões, que desfilavam pelas ruas do Rio de Janeiro. Mesmo neste início a burguesia sempre classificou o carnaval como uma “subversão dos costumes”, “desrespeito à família”, “subversão política”, “nudez”, “comportamentos escandalosos”, etc. Por estes motivos a polícia era sempre chamada para reprimir a expressão popular.

Podemos lembrar que em 1890 existia a lei que definia o crime de “vadiagem”, o que significava que uma pessoa que estivesse andando pelas ruas e não conseguisse comprovar que estivesse trabalhando poderia ser levada à delegacia e preso por até 30 dias. Essa lei continuou válida por muitos anos, sempre perseguindo os sambistas que participavam dos blocos e escolas de samba, ou como sempre, os negros, em geral.

Com os anos a burguesia continuou tentando conter o carnaval, aprisionando-o em espaço como os sambódromos e tentando limitar a participação dos mais pobres com o aumento exorbitante dos valores dos ingressos a eles.

Por isso podemos constatar que a pandemia do coronavírus veio como a desculpa ideal para a burguesia proibir o carnaval. Desta forma a burguesia não precisa mostrar que é retrógrada, medieval ou opressora. Pode dar a desculpa de combater uma emergência sanitária, algo mais aceitável que a pura repressão e ainda dar a aparência de uma causa nobre e justa.

Mas o recado que todos percebemos destas manobras da burguesia é claro como a água: o povo não pode se divertir, tem é que trabalhar sem parar, sem nem mesmo um descanso. Se alguém ousar pensar em se divertir deve apanhar, ser multado e até preso. Porque isto aqui é uma ditadura, sem mais, nem menos.

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