O capitalismo tem diversas estratégias para tentar desarticular os setores mais oprimidos da população em prol do lucro de um punhado de empresas. Um exemplo deste fato é o chamado “movimento black money”, o qual tem como alvo os negros.
O objetivo deste movimento é desenvolver o que ele denomina de “afro empreendedorismo”, ou seja possibilitar que os negros desenvolvam seus próprios negócios por meio de uma rede de compra e venda entre os próprios negros, chamada de “ecossistema negro”. Os princípios norteadores do suposto movimento são cinco: “Compre dos pretos”, “Faça o sistema girar no ecossistema negro”, “capacite-se”, “fortaleça os vínculos pessoais entre os pretos” e “contrate pessoas pretas”.
Aqui podemos ver como a política identitária, defendida por vários setores de esquerda como algo progressista, na realidade serve aos interesses do neoliberalismo, na realidade o identitarismo é uma política neoliberal na medida em que nega a luta de classes e se baseia em afirmações puramente subjetivas, onde a defesa da “identidade” em abstrato de determinado grupo seria o centro da realidade. Nada mais reacionário.
O afroempreendedorismo é uma política neoliberal, apresar de sua aparência de defesa dos negros. Ao afirmar que qualquer negro pode ser empreendedor, ou ser um empresário, um capitalista, bastando criar uma rede de compra e venda entre os próprios negros, o afroeempreendedorismo cria uma abstração, uma fantasia, um conto de fadas, nega, por exemplo, a condição de extrema opressão em que vive o negro na sociedade capitalista.
No Brasil, por exemplo, são mais de 800 mil pessoas na cadeia, de acordo com os dados oficiais do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen), quase 70% dessas pessoas são negras. É preciso deixar claro que a metade dos presos brasileiros são provisórios, ou seja, pessoas que ainda aguardam julgamento e, mesmo assim, são mandadas para as masmorras penais.
De acordo com um levantamento feito pelo IBGE no final do ano passado, a taxa de desemprego no país entre os negros foi a que teve um maior aumento, passando de 14,5% para 14,9%.
75% das pessoas assassinadas no país são negras, é o que diz o último levantamento do Atlas da Violência, publicado em junho do ano passado. A maior parte destas mortes, a quase maioria, praticada pelas mãos da Polícia Militar, uma verdadeira tropa de extermínio dos negros no país.
Estes são apenas alguns dados que servem para demonstrar que os negros estão muito longe de empreender qualquer coisa no Brasil, trata-se de uma falácia. A realidade mostra exatamente o oposto, a luta dos negros é pela sobrevivência mínima, pela migalha diária, pela tentativa de não ser morto todos os dias pelas mãos de um PM.
Nesse sentido o “afroempreendedorismo” é a tentativa dos grandes capitalistas, ou seja, dos principais inimigos dos negros, a tentativa de “venderem” uma mentira que serve tão somente para desarticular a luta e mobilização dos negros pelos seus verdadeiros interesses.
A única forma do negro se libertar no capitalismo é colocando abaixo justamente este sistema que o oprime a cada hora de seu cotidiano. Para isso ele precisa se organizar sim, mas não para empreender, para travar uma luta política levantando um programa com suas reivindicações fundamentais, como igualdade salarial, o fim da polícia militar e de todo o aparato repressivo, o direito ao armamento, à autodefesa, etc.
O negro deve se aliar aos demais setores oprimidos da sociedade, como os demais trabalhadores na construção de um partido revolucionário que permita a ele travar esta luta de forma conjunta com todos os explorados. Somente assim o negro conseguirá ser livre de fato da opressão de seus inimigos.