Vários países africanos vêm anunciando medidas de isolamento para tentar conter a propagação do Covid-19. Atualmente, 46 países africanos foram atingidos pela pandemia. Segundo um balanço divulgado neste domingo, mais de 4 mil pessoas foram contaminadas e pelo menos 134 morreram na África. Mas as autoridades temem que os números sejam muito maiores em função da falta de infraestrutura em várias regiões do continente, onde grande parte da população, principalmente a África subsaariana, vive com menos de US$ 2 por dia e depende da economia informal para viver.
O continente africano tem hoje cerca de 889 milhões de habitantes, dos quais 500 milhões vivem na África subsariana, que corresponde à parte do continente africano situada ao sul do Deserto do Saara e é constituída de quarenta e oito Estados, cujas fronteiras resultaram da descolonização. Nela, 63% da população de áreas urbanas — 258 milhões de pessoas — não pode lavar as mãos, segundo os dados do Unicef, porque não tem acesso a água e sabão. E isso porque a água não é tratada
A escassez de água devido à falta de chuvas, condições de saneamento inadequadas e práticas higiênicas deficientes levam milhões de pessoas a beber e a utilizar água suja, agravando os problemas provocados nesses países por conflitos bélicos e a seca prolongada.
Segundo Francisco Ferreira, investigador do Banco Mundial, as taxas de pobreza em África, no período de 2013 a 2015, caíram um pouco, mas ainda são muito altas. “Enquanto no mundo, como um todo, a taxa de pobreza é de 10% em 2015, em África é de 41%, ou seja, quatro em cada 10 africanos ainda viviam, em 2015, na pobreza extrema, ou seja, com menos de 1,90 dólares (1,64 euros) por dia/por pessoa. Infelizmente, África é o único continente em que o número absoluto de pessoas na pobreza extrema cresceu”, lamenta Ferreira, destacando que, “em 2015, cerca de 413 milhões de pessoas na África vivam na pobreza extrema. Isso é mais da metade do total para o mundo que é de 736 milhões”.
Neste domingo (29) a Nigéria, nação mais populosa do continente, cerca de 200 milhões de habitantes, ordenou o confinamento total da população da capital federal Abuja e da cidade de Lagos, megalópole de 20 milhões de habitantes. Ela também conta, oficialmente, com 97 casos de coronavírus confirmados, principalmente em Abuja e Lagos. Uma vítima fatal foi registrada até agora no território nigeriano.
Embora os números sejam baixos ainda, em boa medida pela falta de intercâmbio com os outros continentes, com a precária situação de saneamento básico e condições de higiene pessoal, não vai demorar a epidemia estourar na África. Veja que nos EUA, um dos países mais ricos do mundo, já se estima que entre 160 milhões e 214 milhões de pessoas podem ser infectadas ao longo da epidemia, e de 200 mil a 1,7 milhão de pessoas podem morrer.
Se nos EUA está assim, onde há toda uma infraestrutura para oferecer uma assistência médica e hospitalar à população, onde há água tratada e material para a higienização das pessoas, imaginem o que não vai acontecer na África.
E não é só isso, pois, sem nenhuma infra estrutura básica, não vai ser possível controlar o surto epidêmico lá, o que levará a um enorme índice de mortalidade por conta do Covid19.
Por sua heranças históricas, como a demasiada extração de recursos naturais e disputas coloniais entre grandes potências ocidentais, e em meio a todos este problemas, aliado a rápida contaminação por pragas como a malária e o vírus HIV, que atingem fortemente as regiões do continente, a África poderá vir a ser o maior desastre provocado pelo Covid19 na face da Terra.
Países, como o do continente africano, e que vivem de uma economia dependente, que não faz muito tempo alcançaram a descolonização, hoje, sem uma estrutura, completamente consumido pela pilhagem imperialista, sem condições de incrementar o mercado interno, desenvolver seu parque industrial, e conquistar melhores condições para a população com uma distribuição mais equânime da renda, e que proporcione, por exemplo, acesso da população à saúde e educação, para falar o mínimo, passar por uma destruição como a provocada pelo coronavírus, pode não deixar pedra sobre pedra.