Até uma semana atrás, o número de mortes por COVID-19 na África estava em queda, com cerca de duzentas pessoas falecendo por infecção do coronavírus por dia. Agora o cenário é outro: as mortes subiram vertiginosamente para mais de 600 pessoas por dia no continente. As infecções também aumentaram exponencialmente, foram 17.425 novos casos somente na última quinta-feira (8), quase sete mil a mais em relação aos números da quarta-feira (7). São mais de quatro milhões de pessoas infectadas na África desde o começo da pandemia.
Enquanto a África se aproxima ao triste número de 115 mil mortos pela COVID-19, segundo o CPCE – Centro de Controle e Prevenção de Doenças, o número de vacinados da região não chega a 2% da população. Segundo artigo publicado pelo jornal Prensa Latina, se juntarmos os continentes Africano, América Central e América do Sul, todos os países da área aplicaram o equivalentea 6% do número de vacinas mundiais. Por outro lado, Ásia, Europa e América do Norte, juntas, foram responsáveis pelo uso de 94% dos imunizantes. São 11 milhões e 175,6 milhões de doses, respectivamente.
É um triste retrato de como a distribuição da vacina prioriza, como sempre, os países imperialistas, visto que ela é controlada justamente pelos Imperialistas e seus governos. Estes países, por sua vez, não têm preocupação alguma com os países atrasados. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o continente que concentra mais de 14% da população mundial deverá “esperar semanas, senão meses” para receber as vacinas contra o COVID-19. Tudo isso enquanto chancela, por exemplo, o Canadá ter comprado vacinas o suficiente para vacinar toda sua população cinco vezes, se o caso.
O modus operandi do capitalismo segue sendo o mesmo desde o nascimento de Marx: os ricos se apoiam nos corpos amontoados dos pobres para seguirem vivendo. Segundo o The People’s Vaccine Alliance, uma coalizão de organizações e ativistas, as nações mais ricas e que representam os mesmos 14% da população mundial que a África, compraram mais da metade (53%) do estoque das vacinas mais promissoras. Por exemplo, todas as vacinas da empresa Moderna para 2021 e 96% da produção da Pfizer. É necessário quebrar a patente dessas vacinas para que todos tenham a garantia de sobreviver à infecção do vírus, principalmente no caso dos países pobres que dependem de “doações” de vacinas dos países ricos. Esperar a boa vontade das organizações mundiais de saúde ou das coalizões internacionais dos países é esperar que mais centenas de milhares de pessoas morram até o final do ano.
