A imprensa golpista tem dedicado atenção especial para a desistência da candidatura de Lula, como forma de cooptar setores menos esclarecidos da esquerda. A intenção é bem clara: fulminar qualquer chance, ainda que remota, de o ex-presidente se candidatar. Depois de ter sofrido um ataque gigantesco da imprensa burguesa, no que diz respeito à prisão, Lula agora sofre novo ataque para retirar sua candidatura.
Não obstante a injustiça de sua condenação, mediante um processo totalmente fraudulento, essa situação polarizou ainda mais o termômetro político. Houve uma espécie de consenso na maioria da população acerca da ilegalidade da prisão de Lula, arrastando uma parte considerável da população ainda mais para esquerda. Fato natural na luta contra as instituições golpistas.
A indicação de outros candidatos para presidente, como Ciro Gomes, Manuela D’ávila ou Guilherme Boulos, tem sofrido muita rejeição da base lulista, posto que seria uma espécie de aceitação tácita da prisão. Em que pese todo o esforço dos jornais burgueses na tentativa de naturalizar a prisão do petista, as pesquisas de opinião indicam justamente o contrário, o que demonstra o caráter reacionário e manipulador de suas linhas editoriais.
Ciro Gomes, pré-candidato que não confronta diretamente o imperialismo e a imprensa burguesa, por exemplo, tem recebido incentivos de colunistas da Folha de S. Paulo, como Mônica Bergamo e Andreza Matias, como sendo um viável substituto de Lula. Essa tática da imprensa golpista tem, portanto, impulsionado candidatos contra Lula, levando diversos setores da esquerda, inclusive dentro do Partido dos Trabalhadores, a capitularem.
Essa manobra tem sido denunciada sistematicamente pelo Diário da Causa Operária, pois leva a uma desistência da política refratária às prisões de Lula, José Dirceu e outros líderes petistas. É um desdobramento da linha do “virar a página do golpe”. Uma estratégia autodestrutiva que levará a esquerda, em especial o PT, a uma maior perseguição. Nesse momento histórico, a luta contra a prisão de Lula e o golpe de Estado, condensados na candidatura do ex-presidente, serão capazes de apontar uma saída para a crise juntamente com um movimento de massas.