A Universidade Estadual do Pará (UEPE) está sofrendo duros golpes da direita por todos os lados. No dia 18 de agosto, em grande assembleia pleiteada por docentes e discentes, foi deliberado o estado de greve unificada entre estudantes e professores na instituição. A greve denunciou a política da direita que foi recebida de portas abertas pela reitoria, que cedeu à pressão bolsonarista dos empresários.
Através do Ensino Remoto Emergencial (ERE), a direita excluía grande parte dos estudantes da universidade. Sem condições básicas para acompanhar o ensino à distância, os estudantes não participavam ou se viam forçados a abandonar o curso. A greve paralisou o processo fazendo enorme pressão no setor privado de educação do Pará, que se via exposta em seu absurdo.
Os setores privados da educação superior e básica no estado fizeram enorme pressão no governo Helder Zahluth Barbalho (MDB), para a liberação da volta às aulas a qualquer custo, tentando passar a impressão de que estava tudo normal e era possível negociar. Não é de espantar, visto que os patrões são capazes de colocar qualquer pessoa em risco para não parar de lucrar. A greve reivindicava a volta das aulas apenas sob o regime de vacinação da população, e o fim do sistema de ERE, um método de ensino à distância falido que, ao invés de facilitar, excluiu os estudantes.
No último dia 13, o 1º Juizado da Fazendo Pública de Belém, com o juiz Cláudio Hernandes da Silva, decretou que fossem realizadas novas eleições para reitoria na universidade anulando, assim, de pronta mão, a gestão 2017-21, do professor Rubens Cardoso.
A justiça do estado não pode interferir desta maneira nos processos eleitorais da UEPA, pois a universidade tem total autonomia para regular seus processos, governada pelo próprio estatuto da universidade, construída por seus membros. O que deu motivação a este ato autoritário de intervenção, aparentemente, foi um processo aberto por Antônio César Matias de Lima, professor que concorreu à reitoria com Rubens Cardoso. Antônio César alega que seu adversário não tinha o título de ‘doutor’ e, portanto, não estaria apto ao cargo.
O fato envolveu a justiça do estado de Belém que procurou intervir na UEPA, financiada pelo governo do MDB, aliado da direita. A coordenadora geral do Sinduepa, a professora Zaira Fonseca, declarou que o Sindicado não irá abrir mão da autonomia da Universidade, rejeitando completamente a decisão tomada pelo 1º Juizado. Ela ainda denunciou a tentativa autoritária de intervenção na autonomia universitária.
Diante da situação, assim como fizeram anteriormente, é preciso que a comunidade acadêmica, professores, estudantes e trabalhadores técnicos, denuncie a intervenção ditatorial da direita à UEPA financiada pelos golpistas do MDB. A tentativa de intervenção foi uma resposta clara ao movimento grevista organizado pelos estudantes e professores em agosto, que bateu de frente com a reitoria. A intervenção é uma manobra da direita para colocar a universidade pública à reboque da extrema-direita.