Os frigoríficos, os maiores causadores de doenças e acidentes de trabalho no Brasil, consequentemente, alvo de ações do maior número de ações trabalhistas, no período da pandemia do coronavírus, que pese, invariavelmente, terem como os principais ganhadores os próprios patrões, os processos aumentaram exponencialmente.
O Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, em seu levantamento mensal, nos últimos seis meses, reconhece que os frigoríficos estão em primeiro lugar e alegam ser esse um dos principais motivos para a morosidade da justiça no Estado.
Dizem, ainda, que não é um fato isolado, “apesar de dados serem regionais, em vários outros estados estatísticas realizadas por órgãos semelhantes têm apontado o mesmo cenário de volumes e acumulação de processos trabalhistas originários da indústria frigorífica”. (Correio do Estado – 10/08/2020)
No levantamento, mencionam que as fábricas do grupo JBS/Friboi são detentoras do maior número de processos.
Justiça, defensora incondicional dos patrões e seu governo
Há, de fato, uma demanda, diante da crise e, devido às péssimas condições impostas pelos patrões em suas industrias, cujo objetivo é esfolar até a última gota de sangue de seus funcionários, mais ainda, quanto se trata de proteger os lucros dos patrões e seu governo, os homens da capa preta agem muito rapidamente, o que demonstra a farsa do inchaço e morosidade tanto apregoada.
Podemos citar vários casos, mas vamos nos ater a casos bem recentes, como os exemplos de que os processos impetrados pelos sindicatos representantes dos trabalhadores, mesmo pelos órgãos de fiscalizações, como o Ministério Público do Trabalho (MPT), ou mesmo pelo próprio trabalhador pende sempre para os patrões, são os casos dos frigoríficos do estado do Paraná, sendo um de Cianorte e dois de Cascavel.
O abatedouro Avenorte, do município de Cianorte, cujo dono é o próprio prefeito Claudemir Romero Bongiorno, diante da situação em que mais de 7% do quadro de funcionários estavam contaminados pelo COVID-19, o MPT conseguiu, através de liminar interditar o frigorífico. E, sábado à noite, o patrão prefeito, através do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) do Paraná, reverteu a situação e o frigorífico retornou às atividades.
O outro caso foi o da Cooperativa Agroindustrial de Cascavel (Coopavel), em tamanha desfaçatez, após o MPT interditar por 14 dias duas fábricas, uma de aves e outra de suínos, pelo numeroso contágio de coronavírus dos trabalhadores, a imprensa capitalista divulgou mais de 100, os patrões “convenceram” os juízes do mesmo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) que acataram os donos da cooperativa que disseram existir somente quatro trabalhadores, ou seja, o mesmo TRT que fez com que os operários da Avenorte voltassem ao trabalho impediu que os funcionários da Coopavel sequer saíssem.
O governo federal, os governos estaduais, bem como as prefeituras municipais sempre fizeram vistas grossas às atrocidades cometidas pelos patrões contra os trabalhadores. Numa campanha demagógica, vez por outra, os agraciam com algumas querelas, em todos os locais onde existem alguma fábrica deles, com vem fazendo o grupo JBS/Friboi, apesar de obter volumosas quantias de dinheiro do governo federal, somente após três meses da pandemia do coronavírus é que se noticiava a situação trágica dentro do setor frigorífico. Um descaramento sem tamanho desses genocidas.
A única forma de impor uma derrota aos patrões, seu governo, bem como seu aliado, o judiciário, somente será através da greve. Para isso é necessária uma mobilização dentro das fábricas, bem como, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) à frente dessa luta.