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Em prejuízo do frente ampla

ACM Neto sinaliza: centrão poderá apoiar Bolsonaro em 2022

Após abandonar a sucessão de Rodrigo Maia (DEM) e apoiar Arthur Lira (PP), DEM expressa tendência da burguesia em apoiar Bolosonaro novamente, dada a fragilidade da direita

Em entrevista à Folha de São Paulo nesta quarta (3) o presidente nacional do Democratas (DEM), ACM Neto, declarou que o Partido poderá apoiar Bolsonaro em 2022! A declaração ajuda a entender o que ocorreu nas eleições da Câmara, onde os “democratas” abandonaram a candidatura do sucessor de Rodrigo Maia (DEM), Baleia Rossi (MDB), e apoiaram majoritariamente o candidato de Bolsonaro, Arthur Lira (PP). Este deslocamento do “centrão” a apoiar Bolsonaro, arrastou a direita tradicional, esvaziando completamente a candidatura de Baleia Rossi e indicando que se a direita não tiver um candidato forte em 2022, o DEM irá novamente com Bolsonaro.

ACM Neto, quando perguntado se não descarta nenhuma opção para 2022, inclusive a de estar com Bolsonaro, ele disse:

“Nós não estaremos com os extremos. Você pergunta se eu descarto inteiramente a possibilidade de estar com Bolsonaro. Neste momento não posso fazer isso…”

Com essa delimitação sobre os extremos, o ex-prefeito de Salvador está se referindo a Bolsonaro quando expressa aspectos ideológicos da extrema-direita, bem como ao ex-presidente Lula, que é tido pelos trabalhadores como opositor natural do regime golpista.

No entanto, há uma ressalva sobre em quais circunstâncias o DEM poderia apoiar Bolsonaro, como fez nesta segunda nas eleições do Congresso. O ex-deputador federal pela Bahia explica:

“Qual Bolsonaro vai ser? Os dos dois últimos anos que passaram? Não queremos. Agora, haverá um reposicionamento? Para a construção de algo mais amplo, que não fique limitado à direita? Não sei.”

O Bolsonaro dos 2 primeiros anos de mandato é o que buscou uma independência relativa diante da direita tradicional. Teve atritos com o STF, a imprensa burguesa e o Congresso, que dificultaram a aplicação integral do programa da burguesia através do seu governo.

Neste 2 anos, o DEM teve a postura de colocar Bolsonaro na linha através do Congresso, que serviu como uma espécie de tutor dos excessos de Bolsonaro aos olhos da burguesia. Mas não foi só isso. Esses setores da direita tradicional, expressos na liderança de Maia, tinham como objetivo criar condições para lançar uma candidatura própria da direita em 2022, que era propagada como uma candidatura de “centro”, tendo seu possível candidato favorito o governador fascista de São Paulo, João Doria (PSDB).

Desta forma, a postura do DEM nas eleições do Congresso, em que o Partido apoiou o candidato de Bolsonaro na Câmara (Lira) e teve seu candidato apoiado por ele no Senado (Pacheco), indica uma reversão dessa política de construção de uma candidatura de direita, para um reforço ao governo Bolsonaro e portanto, à reeleição do presidente ilegítimo.

Durante a entrevista, Neto negou essa constatação, mas não soube explicar os motivos que fizeram o DEM rachar na eleição da Câmara:

“Existem várias explicações. Todos os partidos tinham certa divisão interna. Vejo especulações de que foi um movimento de aproximação do governo, de negociação com o presidente da República ou que tenha a ver com 2022. Tudo isso é falso. Não somos oposição e não temos intenção de aderir à base do governo.”

Mas não para por aí, ACM Neto, quando perguntado sobre a eleição ter sido marcada por distribuição de cargos e emendas e se o DEM rachou por isso, ele novamente negou e deu uma explicação do tipo “desculpa esfarrapada”:

“Não foi isso. Não foi nem cargo nem emenda. Vários fatores colaboraram para esse quadro. E o que explica o processo é a soma desses fatores… Pode pegar um raio-x da bancada e vai ver que temos desde questões regionais, por exemplo. Tem parlamentar que não aceita compor bloco com a esquerda. Esse para mim não é um problema. Como presidente do partido, como prefeito de Salvador, nunca foi um problema dar as mãos para o PT para enfrentar a pandemia. Realmente não tem uma explicação só.”

Não tem uma explicação só, mas a explicação de ACM Neto não explica nada.

Novamente perguntado sobre a postura do DEM ter sido com base em cargos, ele desviou:

“Veja, não preciso comentar isso. Os fatos estão aí. Mas quero dizer o seguinte: não sou daqueles que acham que não pode ter políticos ocupando cargos no Executivo. É possível conciliar gestão e política. Fiz isso durante oito anos em Salvador. O que eu sou contra é o toma lá da cá.”

Chega a ser cômico. O governo golpista de Bolsonaro liberou mais de 3 bilhões de reais em emendas parlamentares, mais centenas de milhões em verbas extraordinárias para obras nos currais eleitorais dos parlamentares, distribuiu cargos em ministérios que tem orçamentos bilionários e conseguiu fazer partidos que “juraram combater o fascismo” e “defender a democracia”, através da candidatura de Baleia Rossi (um golpista), mudarem para o “candidato do fascismo”, Arthur Lira, num piscar de olhos.

Ou seja, a entrevista de ACM Neto, um político filho de uma velha oligarquia nacional, é um verdadeiro show de malabarismos, saídas pela tangente e respostas que não respondem nada. No entanto, apesar de toda essa manobra, ele revela qual a política um setor da burguesia, que seu partido representa, adotará daqui até 2022.

Quando pergunta sobre a relação das eleições no Congresso com as eleições de 2022, ele disse:

“…seja Doria, Bolsonaro, Huck, Ciro [Gomes], [Luiz Henrique] Mandetta, qualquer um dos nomes, vamos saber com o passar do tempo se vai ter mais ou menos chance.”

Os candidatos citados por ACM, com Moro descartado por ele na entrevista, mostram bem o cálculo que a burguesia tem com as possíveis candidaturas da direita golpista. No entanto, nesta lista, Bolsonaro é um candidato mutuamente exclusivo com relação a todos os demais, pois, se nenhum dos demais for viável, nenhum outro cumprirá o papel que a burguesia precisa.

Logo, se é cedo para saber das chances de cada um, como diz Neto, o que se sabe é que neste momento o DEM foi de Bolsonaro no Congresso, o que não encerra o jogo, mas deixa claro qual aposta o Partido escolheu fazer. Fica claro que se não der para emplacar um nome da direita golpista ou do que ela chama de “centro”, o DEM irá de “Bolsonaro na cabeça” em 2022!

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