A estratégia da direita no encaminhamento do golpe é a mesma desde o início da campanha jurídica, parlamentar e midiática pelo impeachment de Dilma Rousseff. O próprio impedimento da presidenta era apresentado como uma possibilidade secundária, maquiada pela remota, embora bela chance da Câmara Federal e do Senado não votarem pela derrubada da governante. Da mesma forma vem se arrastando o processo que premedita, há dois anos, a prisão do ex-presidente e pré-candidato Lula. Às vésperas dos mais importantes julgamentos, alguns analistas de peso da imprensa burguesa vieram a público informar que o prognóstico era positivo para esquerda. Horas depois, o cenário mais sombrio se concretizava e toda a esperança empenhada nas instituições ruía mais uma vez.
Do meio desta confusão que vem marcando o aprofundamento do golpe de estado, jogando o Brasil às margens da ditadura militar, uma voz tem encarnado o papel da razão e da assertividade. Rui Costa Pimenta, presidente do PCO, ganha destaque a cada dia que suas cruas e racionais análises, baseadas em seu profundo conhecimento da rica literatura marxista, se mostram corretas.
Setores importantes do PT vêm entendendo que o discurso cheio de crenças democráticas e vazias já perdeu espaço há muito. Não à toa, o próprio Senador Lindbergh Farias (PT-PA) fez um pronunciamento em seu perfil no Facebook lamentando os erros de método no enfrentamento à farsa jurídica montada contra Lula, dizendo que o certo teria sido convocar a população a ocupar as ruas, expulsando os coxinhas de seus atos e pressionando as instituições através da força real dos movimentos de massa. Em outras palavras, o Senador lamentou o distanciamento da ação prática do Partido dos Trabalhadores da lucidez apontada como caminho pelo clarividente Rui Costa.
Assim sendo, para evitar que a exasperação e a desesperança turvem de vez a visão da classe operária e dos setores organizados da esquerda, é premente entender que a direita não vai jogar limpo. Nunca o fez e não será agora, depois de tantas mazelas e desrespeitos constitucionais explícitos, que começará a fazê-lo. Não adianta pedir paz aos fascistas. Não adianta clamar democracia à Globo. Não adianta discutir e reclamar no Facebook. À classe operária só resta discutir, com sabedoria e racionalidade, os próximos difíceis e fundamentais passos a serem trilhados para, com presteza, agir!
Por isso, a tradicional Análise Política da Semana realizada pelo companheiro Rui Costa Pimenta na Rua Serranos nº 90 adquire, mais do que nunca, um caráter crucial na formação intelectual e – o mais importante para o momento – organização prática na luta contra o golpe. Antes que tudo rua e seja tarde demais, é importante que a esquerda amadureça e perca suas ilusões, ou terá que fazê-lo na clandestinidade, no exílio, nos cemitérios clandestino, nos porões da ditadura e atrás das grades dos cárceres.