A passagem da caravana de Lula pelo Sul foi marcada pelos ataques da direita, que espancaram mulheres, jogaram pedras em manifestantes e inclusive dispararam tiros contra os ônibus da caravana.
Esse acontecimentos, por sua vez, marcam definitivamente o caráter fascista da direita que deu o golpe no Brasil. Nas manifestações pelo impeachment, a direita procurou se dar um ar popular. De cara foram desmascarados pelos diversos órgão de imprensa independentes, que mostraram a presença de figuras proeminentes da burguesia, altos executivos, além da predominância de brancos nos atos.
Mas a caravana pelo Sul explicitou isso. Não se trata agora apenas da burguesia se manifestando. São elementos organizados, muitos oriundos das forças de repressão e financiados por empresários e latifundiários, que procuraram intimidar os manifestantes pró-Lula e inclusive ameaçaram sua integridade física.
O importante a se dizer aqui é que a característica fascista marcante desse caso é a oposição política na base da truculência. É interessante, nesse sentido, lembrar a atuação do fascismo italiano nas eleições que se seguiram à subida de Mussolini a poder. Esse caso dá uma ideia de como será a campanha eleitoral deste ano, caso haja eleição, se os trabalhadores e a esquerda não reagirem adequadamente à brutalidade fascista.
Em 1924, dois anos após o fascismo tomar o poder na Itália, houve eleições, nas quais os fascistas conseguiram dois terços das cadeiras do Parlamento. É evidente que essa vitória eleitoral era fundamental para consolidar a dominação fascista e preparar o terreno para o estabelecimento de uma ditadura fascista propriamente dita.
No Brasil, os golpistas têm a mesma necessidade de consolidar seu poder por meio das eleições. É por isso que Lula não pode sequer concorrer.
Para garantir essa vitória esmagadora, a grande arma dos fascistas não foi a propaganda e o convencimento político, pois como estamos vendo, nem mesmo a manipulação da imprensa capitalista e a campanha intensa em favor do golpe consegue garantir a vitória eleitoral da direita.
A grande arma dos fascistas foi o porrete. Além das fraudes, as eleições de 1924 foram marcadas pelo espancamento dos opositores, inclusive com homicídios. Não se tratava de fazer campanha, mas de impedir que os demais fizessem. As eleições se tornaram assim mais um terreno para a intimidação fascista sobre os demais setores. Cada etapa da situação política italiana significava a expulsão de mais e mais setores do cenário político, sempre pela violência, que contava com o apoio do aparato repressivo do Estado, assim como os fascistas brasileiros também contam.
A atuação dos fascistas italianos nas eleições de 1924 foi denunciada pelo deputado socialista Giacomo Matteoti, e seu fim foi seu assassinato pelos bandos fascistas. Um assassinato político como começamos a ver no Brasil, sendo o caso mais significativo o de Marielle Franco.
Isso é o que espera os trabalhadores, a esquerda e todos os ativistas caso a direita continue a avançar impunemente. Por outro lado, deter o fascismo não é impossível. É necessário que os trabalhadores se organizem e reajam à violência fascista, formando comitês de autodefesa, que impeçam a intimidação pela força dos movimentos de esquerda.
