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Boulos concorda com a Globo: não podemos “politizar” a morte de Marielle

Enquanto a militância de esquerda de Brasília se mobilizava contra a prisão de Lula em frente ao Supremo Tribunal Federal, onde era julgado o habeas corpus do ex-presidente na última quinta (22), o PSOL organizava uma palestra na Universidade de Brasília intitulada “O Brasil e o DF que queremos”, com a presença dos seus candidatos Guilherme Boulos e Sônia Guajajara. Com isso, o PSOL demonstrou na prática o caráter demagógico de seu apoio à campanha contra a prisão de Lula.

Aproveitando sua passagem pela capital, o recém-filiado candidato a presidente cedeu uma confusa entrevista ao jornal golpista Correio Braziliense, em que expunha sua posição sobre a execução da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ). Para Boulos, “foi um crime político”, mas “pensar em fazer qualquer uso político disso é inaceitável. O que nós faremos, e já estamos fazendo, é homenagear a Marielle defendendo as ideias dela”.

Ou seja, Boulos dissocia o assassinato de Marielle do golpe de Estado e da intervenção militar no Rio de Janeiro. Como se sabe, pelas características do crime, a vereadora foi morta por agentes das forças de segurança, hoje sob comando do interventor federal, general Walter Braga. Com essa posição, o psolista neófito assume o mesmo discurso da direita – e da Globo – para quem o assassinato de Marielle deve motivar um aprofundamento da repressão, por se tratar de uma questão de segurança pública.

Marielle foi morta por ser uma liderança política que se opunha ao golpe, à intervenção militar, aos arbítrios das forças de segurança. Tratar esse fato como feminicídio, parte do genocídio da população negra ou da homofobia, como vêm fazendo diversos setores da esquerda pequeno-burguesa é ocultar o caráter político deste bárbaro acontecimento e colocá-lo na vala comum da questão da segurança pública, tal como quer a direita.

Boulos justifica sua candidatura de modo evasivo: “dentro da esquerda deve ter unidade e ao mesmo tempo respeito a diversidade”. Afinal, “as eleições têm dois turnos, o primeiro turno é um momento em que o debate deve ser feito com as diferentes posições”. Ou seja, em sua opinião, aparentemente estamos vivendo uma situação de normalidade institucional, em que os diversos campos políticos poderiam disputar livremente suas ideias no processo eleitoral. Mas se Boulos é a favor da unidade com outros grupos, e virou as costas para a campanha contra a prisão de Lula, quem apoiaria no segundo turno? De que unidade está falando? Na própria entrevista ele nos revela: “Ciro Gomes”, afinal ele “é contra o presidente Temer, foi contra o golpe, defende a democracia, é contra a reforma da Previdência, foi contra a reforma trabalhista…”

Na visão personalista que Boulos parece ter da conjuntura, todo político deve ser avaliado pelo que diz, e não por sua base social ou pelo que faz de concreto. Ciro Gomes é cria de Tasso Jereissati (PSDB-CE), ligado desde o início de sua trajetória política a poderosos grupos empresariais como o de Steinbruch. Mas se ele diz que é contra o golpe, por que não acreditar?

Boulos reflete a posição de muitos grupos que se dizem de esquerda: dizem lutar contra o golpe, mas colocam todas as fichas de sua mobilização nas eleições conduzidas pelos golpistas; sabem que Marielle Franco foi executada pelos golpistas, e cobram dos assassinos a investigação do crime e “punição exemplar” dos responsáveis; sabem que a prisão de Lula significará um aprofundamento da perseguição judicial a todas as lideranças e organizações de esquerda, mas se omitem ao não levar adiante mobilizações populares reais contra mais esse arbítrio; falam em unidade da esquerda, mas se preparam para dar legitimidade à farsa eleitoral montada pelos golpistas.

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