O movimento dos “coletes amarelos” que cresceu com a adesão de diversos setores da sociedade francesa, ganhando contornos de rebelião popular contra a política neoliberal da burguesia imperialista francesa e européia, estremeceu todo o regime político da Quinta República.
Pelo caráter espontâneo e, por vezes, confuso da mobilização, entre outros motivos pela ausência da intervenção política decidida da esquerda, apresentando uma perspectiva política ao movimento, que coloque abertamente o Fora Macron! Abaixo a política neoliberal, esta luta foi interpretada por setores da esquerda, ou como sendo dirigida pela extrema direita, ou que seus resultados fortaleceriam a Reunião Nacional. Interpretação rechaçada pelos acontecimentos.
A Reunião Nacional, partido de extrema-direita, abertamente fascista, de Marine Lê Pen aparecia com apoiador do movimento, fato que gerou a apreciação equivocada sobre as mobilizações. Ficou provado, contudo, que o apoio da extrema-direita nada mais é do que o exercício da demagogia característica deste setor.
Depois de já ter se opostos às combativas manifestações do último fim de semana, Marine Lê Pen afirmou recentemente no Canal France 2, seguindo o governo Macron, que não deveria haver manifestações no próximo sábado, devido ao atentado ocorrido em Estrasburgo. Todos os defensores do regime unificaram-se para utilizar-se do atentado para reprimir e conter as mobiliza A extrema-direita está umbilicalmente ligada ao regime político, apresentam-se como contrária ao regime, devido a grande impopularidade da política oficial do imperialismo, o neoliberalismo, uma atitude cínica e demagógica. São em verdade apenas uma radicalização desta política que conforma o regime de dominação da burguesia imperialista. Este fato mostra que a cada momento as mobilizações se chocam com mais violência contra a estrutura do regime burguês estabelecido na França desde o fim da segunda Guerra.
A artimanha da burguesia de utilizar-se do atentado para conter a mobilização foi denunciada até mesmo pela moderada France Insoumise, de Jean-Luc Melanchon. A situação torna-se mais clara, de uma lado a mobilização, que ganha cada vez mais apoio popular, de outro toda a burguesia da direita tradicional e da extrema-direita lutando para conter a mobilização.