Ciro Gomes é o que é, desde sempre: um político de direita, representante da direita, oportunista e golpista. Executou o papel de dividir a esquerda durante as eleições de 2018, fazendo eco às críticas ao PT e traduzindo os discursos de demonização de Lula e de lideranças da esquerda para a esquerda pequeno burguesa e parte da classe média.
Após o primeiro turno das eleições do ano passado, continuou culpando o PT (e Lula) pela sua derrota e pela vitória de Bolsonaro. Depois disse que faria, junto com seu partido, o PDT, uma “oposição propositiva”, torcendo para que o desgoverno fascista desse certo.
Agora, mais uma vez, volta à carga e mostra a que veio, afirmando que há um “lado bandido” no PT, obviamente o lado à esquerda, e aliviando as críticas a Haddad e ao lado “direito” do partido, cujos membros incluiu Tarso Genro. Ou seja, Lula e todos os que se colocam à esquerda dentro do PT são bandidos e não merecem respeito, são corruptos.
Esse é o discurso da direita, esse foi o discurso de Alckmin, foi o discurso de Bolsonaro, e é o principal recurso utilizado pela imprensa golpista desde o início do governo Lula, com seu ápice na fraude do Mensalão (AP 470). Ciro sempre esteve ligado a figuras do empresariado brasileiro, e a partidos à direita do espectro político (PDS, PMDB, PPS, PSB, PROS)*. Nesse momento, e durante as eleições, fez todo o possível para reverberar o ódio ao PT em proveito próprio. Um verdadeiro abutre golpista.
Mas Ciro Gomes não apenas se prestou a esse papel de carrasco do PT, ele, mal terminada as eleições, apareceu como uma espécie de fiador do Bolsonaro. Desejou – e não cansa de afirmá-lo – que o governo do ex-capitão desse certo, “para o bem do Brasil”. Ninguém de esquerda, ou de centro-esquerda, como ele gosta de se colocar, apoiaria uma fraude como Bolsonaro, nem daria aval a um resultado fraudado, nem legitimaria um candidato de extrema-direita que ganhou uma eleição na base se um grande esquema contra o povo, contra os trabalhadores, para assegurar a continuidade do que foi iniciado por Temer, igualmente fruto de um golpe que, é bom ressaltar, Ciro Gomes negou muitas vezes ter existido.
Ora, no mesmo momento em que repete seus ataques a Lula e ao PT, ele deixa claro que está preocupado com a “precocidade da confusão” do governo fascista de Bolsonaro. Parece que levou mesmo a sério que deveria esperar 100 (cem) dias antes de fazer críticas ao novo governo. Ou seja, está preocupado que a extrema-direita não dê certo? ou que caia junto com todos os que torceram para que tivesse sucesso?
Quem sabe, em breve, não vejamos surgir um novo partido com Ciro, Haddad, Tarso Genro, Marina Silva, com a nata da esquerda cheirosa, parafraseando uma típica representante da direita na imprensa brasileira, Eliane Cantanhêde. Ciro Gomes recebeu um missão e a leva a sério: evitar que a esquerda se realinhe e reaja, que se fortaleça e comece a mobilizar a militância contra o golpe de Estado.
*O PPS e o PSB, embora supostamente tenham origem em ideias de esquerda, são partidos que apoiam projetos de direita, compartilham valores de direita, têm em seus quadros representantes da elite. Não são sequer uma esquerda pequeno burguesa, como poderia ser tratado em algum momento Miguel Arraes.