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Esquerda frente-amplista

Abutre, Boulos se coloca contra candidatura do PT em 2022

Boulos não quer candidatura do PT e não quer lutar pela candidatura e os direitos de Lula

Na última sexta-feira, dia 5, os jornais de esquerda e da imprensa golpista deram destaque ao depoimento de Fernando Haddad de que o ex-presidente Lula havia feito um pedido para que ele “botasse o bloco na rua”.

Segundo Haddad, ele e Lula sairão em caravanas pelo Brasil, já se preparando para a campanha presidencial de 2022. A ideia do próprio Lula seria divulgar Haddad como seu substituto caso ele realmente não consiga ter seus direitos reconstituídos e ser candidato.

Diante do anúncio, Guilherme Boulos veio publicamente criticar a posição do PT. O pretenso candidato do PSOL afirmou que antes de discutir “nomes é preciso discutir projetos”. 

A reação de Boulos demonstra uma política totalmente sem rumo. O membro do PSOL é um dos mais ardorosos defensores da política de frente ampla, que essencialmente é a defesa de que seria necessário se aliar até mesmo com a direita golpista em nome de derrotar Bolsonaro. Agora, na primeira sinalização de que o PT lançará candidato próprio, Boulos quer um “projeto da esquerda”. Em seu Twitter, o psolista fez dois comentários no dia 5:

Defendo que a esquerda busque unidade pra enfrentar Bolsonaro. Para isso, antes de lançar nomes, devemos discutir projeto.

O PT tem o direito de lançar nomes para 2022. E eu tenho o direito de defender que o melhor caminho para a esquerda é construir um programa unitário e depois definir nomes. No mais, Haddad é meu amigo e um grande quadro. O resto é intriga de quem vive da pequena política.

O que significa “discutir projeto”?

Quando Boulos fala em discutir projeto isso não tem nada a ver com uma preocupação real sobre qual seria o melhor instrumento para mobilizar o povo. O “projeto” é meramente uma manobra eleitoral para colocar em questão a candidatura do PT.

Boulos quer ser candidato e quer se colocar de igual para igual com o PT, como se o apoio ao PSOL fosse comparável ao apoio que tem Lula. Boulos age como um abutre. Quer usar o apoio do PT e de Lula para, quem sabe, obter apoio para sua candidatura, como aconteceu na eleição municipal. 

Boulos e o PSOL não têm o menor interesse em lutar pelos direitos de Lula.

Onde fica Lula nessa história toda?

Em nenhum momento Boulos levanta o problema da luta pelo direito de Lula ser candidato. Sem exageros, a defesa dos direitos de Lula e a anulação de seus processos fraudulentos sequer passam pelos planos de Boulos.

Se houvesse mesmo uma preocupação com um “programa unitário”, a primeira proposta capaz de unificar a esquerda é a luta pelo direito de Lula ser candidato.

Conhecendo os cliques golpistas da esquerda pequeno-burguesa, Boulos vai objetar que ele é a favor dos direitos de Lula e que isso não tem a ver com a defesa de um nome para ser o candidato comum da esquerda. Mas diante de uma desculpa como esta seria preciso contra-argumentar: como de fato defender os direitos de Lula sem levar adiante a defesa de sua candidatura?

Não é possível dizer: “eu defendo que Lula possa ser candidato, mas não defendo que ele seja o candidato da esquerda”. A luta pelos direitos de Lula, ao menos no que diz respeito às eleições, passa por defender sua candidatura, pois é justamente para deixá-lo de fora da disputa que a direita está cassando seus direitos políticos.

Ou é isso, ou Boulos deveria dizer abertamente que o PSOL vai lançar outro candidato, que não será do PT, muito menos Lula, embora defenda os direitos do ex-presidente. Mas exigir “unidade” e “projeto” comum da esquerda, enquanto ignora Lula, é um contrassenso.

Por isso, a fala de Boulos no Twitter não expressa nada mais do que sua preocupação eleitoral, como possível “nome da esquerda”.

Sobre a substituição

Se há uma crítica que deve ser feita, ela não tem nada a ver com “discutir projetos”, mas com a tática do PT de apresentar um substituto caso Lula não seja candidato.

A apresentação de Haddad como candidato é um balde de água fria no movimento de luta contra o golpe e pelos direitos de Lula.

É um erro político grave. Na prática é uma sinalização do PT de que pode abandonar a luta pela candidatura de Lula justo no momento em que a Lava Jato se encontra em sua maior crise. Por conta dessa crise, inclusive, a própria direita na imprensa e no STF está sendo obrigada a manobrar para inocentar Lula sem restituir completamente seus direitos, usando a condenação do sítio de Atibaia, que é tão fraudulenta quanto a do Tríplex.

É o momento de um amplo movimento em defesa da candidatura de Lula, mostrando para a direita golpista que não há disposição de ceder, que se os direitos de Lula não forem restituídos, haverá uma enorme mobilização.

A política de apresentar Haddad como possível substituto, ao invés de mobilizar, gera confusão, freando o movimento; ao invés de pressionar a direita, sinaliza uma capitulação.

Mas é importante dizer que a política de Guilherme Boulos é a mesma, ou ainda pior. Boulos não quer mobilizar pela candidatura de Lula, quer “discutir projeto”, que tem o mesmo efeito no que diz respeito à mobilização.

A luta pela candidatura de Lula, ao contrário do que quer apresentar a esquerda, não é apenas um problema eleitoral. A candidatura de Lula deve ser um instrumento de mobilização, capaz de colocar em xeque o regime político golpista e fraudulento.

Se o candidato do PT não for Lula, vai haver a divisão de votos. Como em 2018, a esquerda lançará outros candidatos. Será uma reprise de um filme horrível, com a direita se unificando em torno de um candidato, muito provavelmente o próprio Bolsonaro, e a esquerda sendo derrotada. Uma política que só pode resultar em um desânimo geral.

A tentativa de acordo com os golpistas é a crença de que seria possível mudar a situação dentro das instituições. É aceitar o jogo do jeito que a pessoa que distribui as cartas decide, que no caso é a direita golpista. Você sabe que vai perder, que está sendo roubado, mas acredita que em algum momento, por intervenção divina, as coisas irão mudar. Enquanto isso, você é cada vez mais roubado. É uma política passiva, de adaptação a um regime político em crise, em dissolução, e que já mostrou que não vai tolerar nenhum governo de tipo progressista.

Toda a esquerda acredita no contrário, que bastaria um nome, um “projeto” para ganhar a eleição.

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