Da redação – Apesar da conquista do movimento feminino da Irlanda do Norte pela legalização do direito ao aborto gratuito, as mulheres precisaram ainda de exercer pressão para que o direito essencial das mulheres começasse a ser realizado no país.
Aprovado em outubro de 2019 e previsto para entrar em vigor dia 31 de março de 2020, o direito ao aborto legal no país europeu foi autorizado pelo Departamento de Saúde na última quinta (9) e pode ser realizado até 12 semanas de gravidez. Isso só ocorreu porque as mulheres norte-irlandesas reivindicaram o direito que estava demorando para ser aprovado com a justificativa da pandemia do Coronavírus. Porém, os movimentos femininos denunciaram que este atraso poderia ser na verdade para esconder questões ideológicas contrárias à prática do aborto.
A legalização da prática do aborto seguro é uma forma de proteger as mulheres e também contemplar aquelas que não tinham condições de viajar até a Inglaterra para realizar o procedimento. Porém, apesar da conquista, existem algumas reivindicações que ainda precisam ser conquistadas pelas mulheres, uma delas é o direito ao aborto por telemedicina, onde a mulher pode ministrar o medicamento abortivo em casa após uma consulta remota com um médico. O procedimento foi aprovado recentemente no Reino Unido.
Todos os esforços das mulheres são lutas por um direito que não deveria ser questionado e sim garantido pelo Estado. O aborto é uma questão que atinge várias esferas da sociedade, e ele diz respeito à emancipação da mulher dentro da sociedade, onde suas escolhas são respeitadas e a mesma não se vê obrigada a se sujeitar a escravidão do lar.
Questões econômicas também estão inteiramente ligadas ao aborto, afinal a criação de uma criança mexe com a estrutura econômica da mulher, principalmente daquela que não pode contar com um parceiro para tal. O direito de poder escolher ou não ser mãe é algo que deve ser garantido pelo Estado, seja dando condições para que a mulher possa criar seus filhos, seja garantindo que ela faça o procedimento seguro e gratuito de interromper uma gravidez se assim desejar.
O aborto é uma questão de saúde pública, garanti-lo de forma segura para as mulheres é evitar que mulheres pratiquem o procedimento de forma clandestina levando a complicações e até mesmo à morte. Um direito essencial das mulheres como este deve ser levado em conta para além do conservadorismo do Estado burguês e fundamentalista, afinal as mulheres não devem pagar com suas vidas diante dos discursos hipócritas que só se importam com o nascimento do feto mas ignoram totalmente todas as implicações que isso pode levar na vida da mulher.
É necessário que haja uma união das trabalhadoras para que o seu direito ao aborto seguro e gratuito seja garantido em todo o mundo e que a sociedade respeite as suas vidas. Para que essa reivindicação democrática seja alcançada, no entanto, é preciso uma mobilização revolucionária que ponha abaixo o Estado burguês, porque o sistema capitalista e a burguesia se mostraram incapazes de garantir esse direito à mulheres e somente um Estado socialista poderá concedê-lo.