As mulheres australianas conquistaram mais uma vitória, feita à base de muita luta e pressão em cima do governo da Austrália: agora o aborto é uma prática legalizada em todo o país. A lei vigente até antes da votação do parlamento regional de Nova Gales do Sul, definia que a mulher que abortasse poderia pegar uma pena de 10 de prisão, algo absurdo, tendo em vista que as mulheres que recorrem ao aborto assim o fazem porque não possuem condições adequadas para gerar um filho, sejam financeiras, psicológicas etc. Ou, às vezes, o simples fato da mulher não querer ter filhos, já que é dona e responsável por seu corpo.
O debate sobre o tema foi longo, durou cerca de 70 horas, afinal, é quase consenso que é um tema polêmico em todo o mundo, mesmo assim, a maioria dos membros do poder legislativo regional votou favorável à medida. Como em todo país, a proposta foi rejeitada pelos grupos religiosos e políticos conservadores, que se negam a compreender que a questão do aborto está intrinsecamente ligada à saúde da mulher, principalmente emocional, e não a um capricho.
O aborto na Austrália, além de ter sido legalizado, permitirá que as mulheres interrompam uma gravidez até a 22º semana da gestação, sempre praticada por um médico e de forma segura. Para Claire Mallinson, diretora da Anistia Internacional Austrália, Nova Gales do Sul está “alinhada com o resto da Austrália no reconhecimento dos direitos das mulheres, incluindo o direito de controlar seu próprio corpo e saúde reprodutiva”. Como ela mesma diz, as mulheres precisam ser responsáveis por seus próprios corpos, e o que elas fazem com eles é uma decisão que pertence única e exclusivamente a essas mulheres.
O aborto é sempre uma decisão difícil, polêmica, aterrorizante para muitas mulheres que enfrentam o medo do Estado quando este deveria ampará-las em todas as decisões. A quarta causa de morte materna no Brasil ainda é consequência de abortos clandestinos, pelo menos 500 mil mulheres abortam todos os anos no País, a maioria delas é evangélica, católica ou espírita e já possuem filhos.
É importante ressaltar que essa é uma conquista das mulheres, não é uma bênção do governo australiano, é algo que foi alcançado graças à luta das mulheres. Que sirva de exemplo para outros países, principalmente para o Brasil. As mulheres devem ter direito irrestrito ao aborto, direito genuíno sobre seus corpos e não devem ser criminalizadas de forma alguma nem pelo Estado, nem pela corja de falsos moralistas e conservadores que tomaram conta do País.