Os latifundiários são uma força poderosa no campo, por deterem a exclusividade do uso da força através de suas milícias ilegais e da atividade das instituições que servem a seus interesses, como a Justiça e os diversos órgãos governamentais que atuam no campo.
Massacres são realizados constantemente contra os trabalhadores sem-terra em diversas localidades do País, desde a região Norte, passando pelo Nordeste, Centro-Oeste, e até mesmo no estado de São Paulo, onde, teoricamente, os latifundiários teriam maior dificuldade em ocultar a repressão.
No governo ilegítimo e fruto da fraude eleitoral que assumirá em 1º de janeiro, a tendência é o aumento exponencial da repressão no campo. Jair Bolsonaro já disse que irá trabalhar para caracterizar os sem-terra – bem como os sem-teto – como grupos terroristas. Seu filho, Eduardo Bolsonaro, disse que não há problema algum em prender 100 mil sem-terra. No estado de São Paulo, o futuro governador João Doria tem como um dos planos de governo a permissão formal para os latifundiários formarem milícias com total apoio dos organismos de repressão do Estado.
Diante de todo esse cenário de ataque contínuo à população camponesa, não se pode minimizar as declarações e nem mesmo as claras posições fascistas dos elementos que controlarão o aparato do Estado.
João Pedro Stédile, líder do MST, afirmou em entrevista à revista Carta Capital: “por mais que o discurso de Bolsonaro seja raivoso, eu não acredito que a violência vai se propagar no campo.” Nada indica que a violência dos assassinos de sem-terra irá diminuir. Pelo contrário, a tendência é que ela aumente, uma vez que Bolsonaro representa a ampliação da política repressiva do golpe de Estado. Também não se pode acreditar que as instituições – que estão totalmente controladas pela direita golpista e fascista – irão garantir a proteção dos sem terra. Elas nunca garantiram isso e, pelo contrário, têm apoiado sistematicamente os massacres dos latifundiários.
Stédile, na mesma entrevista, destacou que a melhor defesa dos camponeses é a mobilização e que é preciso redobrar os cuidados. Entretanto, se os latifundiários se armam até os dentes para massacrar os sem-terra, a única forma de os trabalhadores do campo se defenderem de maneira eficiente é organizando sua autodefesa coletiva, lutando pelo direito ao armamento e combatendo os fascistas na força, porque só assim poderão se proteger e derrotar a violência dos opressores.