Lenín Moreno impôs uma ditadura militar no Equador, como única solução encontrada até agora pela burguesia equatoriana e o imperialismo para tentar conter a rebelião popular contra o governo traidor e suas medidas neoliberais.
Na semana passada, foi decretado o Estado de exceção, mediante o qual os militares ganharam um poder imenso ao se espalharem pelas ruas de todo o país. Também foi estabelecido o toque de recolher em Quito, no mesmo dia em que milhares de indígenas chegaram à cidade, e que o povo ocupou o parlamento nacional. Isso obrigou Moreno a fugir para Guayaquil.
Mais de mil pessoas foram feridas, outras cerca de quinhentas foram detidas e quase 20 foram assassinadas pelas forças de repressão, conforme as estatísticas mais confiáveis.
Para confrontar essa preparação de um banho de sangue, a população começou a utilizar instrumentos rudimentares de autodefesa, como paus, pedras e lanças. Esses instrumentos só são usados porque o povo, no Equador (assim como no Brasil), não tem o direito democrático ao armamento. Caso o contrário, é certo que utilizaria armas para se opor à repressão policial e militar.
Nessa segunda-feira, o governo equatoriano, acuado pelas massas, anunciou o fim do estado de exceção e do toque de recolher, bem como a derrogação do cancelamento dos subsídios estatais aos combustíveis – principal medida que gerou a revolta popular. No entanto, o que o povo quer é o Fora Moreno, e é preciso continuar e intensificar a mobilização.
O Equador serve como inspiração tanto para a direita como para a esquerda brasileira. Por parte da direita, a ditadura militar imposta por Moreno é exatamente o que Bolsonaro pretende implantar no Brasil, apenas não conseguiu acumular forças para isso. A burguesia não irá recuar e aceitar um governo democrático no País, pelo contrário: a tendência é um fechamento cada vez maior do regime, no caminho para uma ditadura fascista acabada, que destrua as organizações operárias e permita a total submissão do Brasil ao imperialismo.
A repressão que vemos no Brasil durante esse ano já é maior do que nos anos anteriores, mesmo no governo Temer. Bolsonaro já deixou claro, inúmeras vezes, com todas as suas apologias à ditadura militar, a Pinochet e a Stroessner, que irá implantar o terror contra a esquerda e o movimento popular.
Assim como o governo Moreno, os bolsonaristas além da repressão estão privatizando, sucateando e entregando todos os recursos e riquezas nacionais nas mãos do imperialismo, retirando todos os direitos da população.
E, assim como os equatorianos, os brasileiros também estão cada vez mais indignados. A palavra de ordem “Fora Bolsonaro” tem sido entoada cada vez mais e mais alto desde o início do ano. O povo já saiu às ruas em diversas oportunidades com a intenção de combater concretamente e derrubar o governo. É preciso que a esquerda organize essa insatisfação no mesmo rumo tomado pelo povo equatoriano: a luta radicalizada, de massas, nas ruas, colocando a direita para correr e enfrentando com sua autodefesa organizada as forças de repressão. Se Bolsonaro quer impor o terror contra o povo, o povo deve incendiar o Brasil com protestos em todo o território nacional exigindo a sua derrubada. Tal como os equatorianos lutam pelo Fora Moreno, os brasileiros devem realizar a exigência popular pelo Fora Bolsonaro.