A eleição de Bolsonaro agravou muito o perigo do Brasil ser colocado como testa de ferro de uma guerra por procuração contra a Venezuela, cujo verdadeiro mandante é o imperialismo norte-americano.
As constantes instabilidades das bolsas de valores do mundo inteiro demonstram que o capitalismo, que jamais se recuperou da crise de 2008, está à beira de uma crise absolutamente incontrolável, situação em que qualquer alta do preço do petróleo, por menor que seja, levaria o capitalismo ao abismo.
Para piorar a situação, esta mesma crise gera uma necessidade urgente de crescimento econômico, e isto, por sua vez, tende a elevar o consumo de petróleo, reduzindo perigosamente a diferença entre a demanda e a capacidade de produção, que possivelmente chegará em breve aos níveis de 2007, época em que o barril custava quase 100 dólares a mais do que hoje.
Necessidade de crescimento de um lado e cada vez maior vulnerabilidade a um aumento de preços por outro, torna vital para o capitalismo controlar o mercado de petróleo.
Exatamente por isso, o imperialismo está confrontado com a necessidade urgente de reduzir a influência da OPEP e da Rússia sobre o preço do petróleo, já que estes poderosíssimos agentes econômicos não respondem, senão parcialmente, ao poderio dos EUA.
E aí é que ganha maior importância a questão Venezuela.
A Venezuela não só é dona da maior reserva de petróleo do mundo, como também é integrante da OPEP. E um integrante tida pelo imperialismo como “rebelde”, já que muitas vezes tende a agir de forma independente, o que a coloca em rota de colisão direta com os interesses mais fundamentais do capitalismo.
Diante desta situação, o imperialismo não dá trégua.
Desde 1992, o imperialismo produz um golpe atrás do outro contra a Venezuela, fazendo de tudo para tomar das mãos do povo venezuelano qualquer possibilidade de administrar, de forma independente, a produção de sua principal riqueza.
Depois de mais de vinte anos de tentativas frustradas de tomar o ouro negro do povo venezuelano, o golpe de 2016, no Brasil, e a sua formalização, através da eleição dos militares, representados por Bolsonaro, trazem aos EUA agora todas condições necessárias para invadir militarmente a Venezuela, através de uma guerra em que é o Brasil a sua linha de frente, “por procuração”, como se diz, em que somos nós que mandamos os nossos jovens morrerem neste campo de batalha movido pelos interesses impostos pelos monopólios norte-americanos.
O imperialismo, acossado por suas urgências econômicas, não terá nenhum escrúpulo em jogar o nosso país em uma guerra desastrosa para o nosso povo e absolutamente devastadora para o povo venezuelano.
O belicismo do Bolsonaro e a intensa campanha difamatória movida por toda a imprensa burguesa mundial contra a Venezuela, sedimentados por uma classe média histérica e facilmente manipulada pela burguesia nacional, geram todos os elementos necessários para jogar o Brasil nesta aventura irresponsável.
E não para por aí.
Uma invasão à Venezuela ainda daria a chance para o governo militarizado do Bolsonaro de baixar uma lei marcial que seria o pretexto para buscar fechar completamente o regime e levar o Brasil a uma ditadura completa, o que aumentaria ainda mais o poder do imperialismo também sobre a produção de petróleo brasileiro, que, juntamente com o venezuelano, seria capaz de afastar por um longo tempo a possibilidade de uma crise da produção.
Todo regime direitista e golpista costuma baixar uma medida de impacto pouco tempo após chegar ao poder. Seria esta a “medida de impacto” do futuro governo golpista?
É evidente que o imperialismo está levando avante uma política cada vez mais agressiva de intervenção sobre os países sul-americanos e que a invasão da Venezuela está nos planos.
O que todo o povo brasileiro tem que entender é que esta invasão militar trará como consequência transformar a Venezuela na mais nova “Síria”, com milhões de mortos e refugiados, uma crise humanitária real e sem precedentes em nosso continente, e, além disto, terá consequências diretas sobre o povo brasileiro, jogando o nosso país em uma ditadura de características cada vez mais fascitas de destruição dos movimentos e partidos populares e de trabalhadores.
A esquerda brasileira não pode deixar isto acontecer de jeito nenhum. Precisamos mobilizar imediatamente o nosso povo contra esta aventura imperialista, através de uma intensa campanha que denuncie estes planos e efetivamente impeça que os EUA façam com a América do Sul o mesmo que fizeram com o Oriente Médio, pagando petróleo com sangue.