Da redação – A perseguição contra professores nas escolas públicas e particulares vem aumentando, principalmente, após a vitória do candidato fascista Jair Bolsonaro (PSL).
Como este diário alertou, a esquerda ficando na defensiva frente aos elementos da extrema-direita, levaria ao avanço dessa perseguição, e, desde maio, vemos alguns casos acontecendo nas escolas, com vídeos de ameaças, denúncias de pais e alunos.
Vale lembrar o caso do pai que denunciou uma professora na ouvidoria da prefeitura de Macaé (RJ) contra a exibição de um filme sobre a cultura negra.
“O filme é alvo da intolerância religiosa, pois mostra os orixás. Nossa luta é constante na defesa da escola laica e da escola como espaço da ciência. No início do ano já explico o que é escola laica e separo o espaço da religião, da casa e da família com o da ciência na escola. Todo ano sinto que está mais difícil”, denunciou a educadora.
Fazendo um vídeo pelas redes sociais, se desencadeou uma mobilização de educadores em torno da causa, o que demonstra uma tendência, uma disposição de lutar contra os golpistas.
No caso específico deste movimento, lutam pelo cumprimento da lei que assegure o ensino da história e da cultura afro e indígena no Brasil, realizando encontros em Núcleo de Estudos Afro-Brasileiro e Indígena da Cidade Universitária de Macaé para organizar ações nesse sentido.
Devemos ressaltar que os golpistas atacaram frontalmente o ensino de história, principalmente, de história africana nestas últimas semanas e estão destruindo completamente o ensino público.
Além dos argumentos contra a esquerda, a falácia da direita está se direcionando contra o povo negro – maioria em nosso país. A exibição de um filme que tratava da cultura negra, trouxe a temática do filme “Besouro”, que conta a vida de Besouro Mangangá, interpretado por Ailton Carmo, um capoeirista brasileiro da década de 1920, se baseando em fatos reais de um levante no recôncavo baiano liderado pelo capoeirista.
Resumindo, uma obra que faz parte da história do povo brasileiro, do povo afro-brasileiro, da miscigenação, e que a direita racista leva uma guerra contra sua ascensão pela luta física e política.
A prefeitura, direitista, também reclamou fazendo coro com esses elementos fascistas, e, à época, a professora afirmou que a perseguição era fundamentalmente religiosa, contra as religiões de matrizes africanas apresentadas na obra.
Nestas últimas semanas as investidas do Movimento Brasil Livre (MBL) no Colégio Pedro II (RJ) foram respondidas à altura pelos militantes dos Comitês de Luta Contra o Golpe e do PCO.
O “Escola com fascismo”, deve ser respondido na mesma moeda, pela força das organizações sindicais, partidárias, pelos próprios profissionais nas escolas e universidades. Os Comitês de São Paulo criaram um órgão de solidariedade para os professores, com número de telefone para denúncias, sendo respaldados também pelo sindicato da APEOESP – que também disponibilizou números de telefones e emails.
Segue o vídeo da professora:
ATAQUE RACISTA CONTRA A PROF. SABRINA LUZ | A educadora socialista, ativa nos movimentos contra o machismo, lgbtfobia e racismo, Sabrina Luz, foi informada nesta quarta(23) que estará respondendo a processo administrativo na prefeitura de Macaé, devido a uma denúncia de ter passado em sala de aula o filme Besouro, sobre a capoeira e as religiões de origem africana.
O acolhimento desta denuncia de teor racista e de intolerância religiosa pela prefeitura, por si só já é um grande absurdo.
O ensino da cultura afro indígena é lei, nenhum educador deve ser constrangido ou assediado por mostrar e debater a história de nosso povo.
Basta de racismo.
Basta de intolerância religiosa.
Basta de assédio moral contra os que lutam.
Pela imediata retirada do processo administrativo contra Sabrina Luz.
LEI Nº 11.645, DE 10 DE MARÇO DE 2008
Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”.
Segue o número para denúncia do Comitê de Solidariedade: