Antônio Carlos Silva, da direção nacional do PCO, representante do Partido no Foro de São Paulo, realizado em Caracas, apresenta relatos de sua viagem à Venezuela
Durante quatro dias participamos das atividades do XXV Foro de São Paulo, em Caracas, encerrado no último dia 29, com um Encontro com o presidente Nicolas Maduro, no Palácio Miraflores, e tivemos a oportunidade também de apreciar um pouco do cotidiano da maior cidade do País e sua capital federal, com seus mais de dois milhões de habitantes, no Distrito Federal e outros mais de 3 milhões na Grande Caracas (o que equivale a quase 20% da população venezuelana).
Cortada pelo Rio Guaíra e a cera de 15km do Mar do Caribe, a cidade de temperaturas elevadas, com em toda a região, tem uma brisa constante que torna seu clima quente mas muito agradável, na maior parte do tempo.
Fundada há mais de 450 anos, Caracas foi praticamente destruída por um terremoto, em 1812, em plena luta pela independência contra os espanhóis, o que fez com que os invasores procurassem apresentar o ocorrido como um castigo divino, diante do que Simón Bolívar, teria dito: “se a natureza se opõe (à independência), lutaremos contra ela e faremos que nos obedeça”.
Na cidade, prédios históricos e com mais de 200 anos, a Casa Natal de Simón Bolívar e o Palácio de Miraflores (sede do governo federal, foto) se misturam com construções modernas da recente etapa de relativa prosperidade, das últimas duas décadas, impulsionadas pelos altos preços do petróleo no mercado internacional e pelos governos de Hugo Chavez. A maioria da população, habita as favelas, dominadas por construções de alvenaria e que nos aos anteriores à crise recente passavam por crescente processo de urbanização, um dos motivos do imenso apoio popular do governo nesses redutos da classe operária.
Mas vamos aos dias atuais e à realidade que se opõe à propaganda mentirosa da venal imprensa capitalista de que estaríamos no “fim do mundo”.
“Desasbatescimento“
Embora haja falta de alguns produtos importados ou que dependem de insumos vindos de fora por conta do atraso histórico do País e do duro bloqueio econômico imposto a País pelo imperialismo norte-americano e seus súditos, foi perceptível que nem de longe as prateleiras dos supermercados e inúmeros mercados estavam vazias como se mostra pela TV brasileira. Os problemas de abastecimento atingem mais duramente cidades do interior do País, quanto mais distante da Capital nos encontramos, mas também nessas localidades por onde passamos, foi possível ver um comercio ativo e com a falta de certas mercadorias. Pequenas filas puderam ser vistas nos açougues e nos bancos, antes da sua abertura, como as que vemos no Brasil.
Transporte
Com a gasolina e outros derivados do petróleo sendo distribuídos praticamente de graça pela empresa estatal (PDVSA), é possível abastecer o tanque de um carro e ainda dar uma pequena gorjeta com uma nota de 100 bolívares (equivalentes a R$ 0,05, isto mesmo, cinco centavos). Nestas condições o transporte por meio de taxis e lotações privadas prosperam, a preços relativamente baixos em relação aos preços internacionais. Da mesma forma, que os ônibus, depois de longa sabotagem das empresas de transportes, circulam, com precariedade e ônibus geralmente mais velhos, como se vê em muitas cidades latino americanas, como Buenos Aires, afetadas pela crise capitalista e pela política dos governos neoliberais.
Alimentação
Há uma grande diversidade de bares e restaurantes por toda a cidade, funcionando com preços equivalentes aos do Brasil. É claro que com a alta inflação que assola o País, por conta da sabotagem econômica da direita burguesa e do embargo imposto pelo imperialismo norte-americano, comer fora de cada não é a opção para a maioria da população trabalhadora. O tempero realçado e diferenciado, em relação à comida brasileira, é um elemento atração para os estrangeiros. Legumes e verduras
abundam nas mercearias, assim como frutas tropicais, destacando-se variados tipos de banana.
abundam nas mercearias, assim como frutas tropicais, destacando-se variados tipos de banana.
Cordialidade
Um povo com o bom humor carioca, ou a simpatia dos baianos, muito cordial ao dar informações e que gosta muito de conversar, mostrando grande simpatia pelos brasileiros. E não apenas da parte dos ativistas e militares que participava do Foro. Ao jantarmos em um restaurante típico e modesto, um pouco distante do hotel em que fomos hospedados pela organização e de termos todo tipo de atenção dos funcionários e donos do restaurante, um dos proprietários se ofereceu para nos levar de volta ao hotel em seu carro, com alguma preocupação de que circulássemos a pé já bem tarde da noite, sem nada nos cobrar.
Educação
Há cerca de duas dezenas de universidades em Caracas, a mais antiga delas, a Universidade Central da Venezuela (UCV), criada em 1721, uma das mais antigas do continente, é uma universidade pública, nacional e autônoma, considerada uma das maiores referências em ensino superior da América Latina, com mais de 80 mil alunos em todo o País, a maior parte deles no campus da Capital. Além dela ha quase duas dezenas de outras instituições. Dentre elas, destaca-se a Universidade Bolivariana da Venezuela,
fundada em 2003 por decreto do então presidente Hugo Chávez, como parte da “missão Sucre”, criada com o objetivo de conceder oportunidade de educação pública à população pobre. segundo dados divulgados pelo governo, a UBV teria mais de 1 milhão de estudantes espalhados em 190 pontos de todo o País, sendo a universidade com maior número de matrículas na Venezuela e ja teria graduado cerca de 300 mil, desde a sua criação. A Venezuela teria alcançado a marca de mais 2,5 milhões de matrículas no ensino superior, antes da onda golpista dos últimos anos.
fundada em 2003 por decreto do então presidente Hugo Chávez, como parte da “missão Sucre”, criada com o objetivo de conceder oportunidade de educação pública à população pobre. segundo dados divulgados pelo governo, a UBV teria mais de 1 milhão de estudantes espalhados em 190 pontos de todo o País, sendo a universidade com maior número de matrículas na Venezuela e ja teria graduado cerca de 300 mil, desde a sua criação. A Venezuela teria alcançado a marca de mais 2,5 milhões de matrículas no ensino superior, antes da onda golpista dos últimos anos.
Concluímos em uma próxima edição desse Diário, com relatos finais de Caracas e da viagem de volta ao Brasil, em mais de um dia de viagem por estradas venezuelanas.