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Estelionato

A unidade da esquerda para roubar os votos de Lula

A condição da unidade da esquerda é Lula abrir mão de sua candidatura, ou seja, de seus votos para apoiar outro candidato

Em entrevista à Pública, no último dia 10 de dezembro, o ex-candidato do PSOL à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos, defendeu uma unidade da oposição para derrotar o bolsonarismo. Boulos e o PSOL já se preparam para a eleição de 2022. Em meio a declarações de que vai viajar o País em 2021, Boulos dá o seu veredicto quanto ao futuro da esquerda:

Se a unidade não prosperar, se não houver uma compreensão e uma maturidade política de lideranças do nosso campo sobre a importância da unidade para derrotar o bolsonarismo, bom, só nos resta lamentar. Se o resultado for este, cada campo, cada partido de esquerda vai ter a sua candidatura, vai apresentar o seu projeto, e a chance de a gente repetir fracassos agindo dessa forma é muito maior

Mas o que significa a unidade pedida por Boulos? A resposta deve ser encontrada em sua consideração sobre a “maturidade” política das lideranças da esquerda sobre a unidade. Muito próximo do que afirmou seu correligionário Edmilson Rodrigues, eleito prefeito de Belém, que afirmou que “o Lula tem que fazer autocrítica, reconhecer que não é Deus.” E faz a mesma consideração de que se não houver unidade não será possível “derrotar o fascismo”.

Por trás do discurso de que deve haver unidade e ela está condicionada a essas palavras tão bonitas de “humildade”, “maturidade”, está uma condição implícita: a de que Lula, o nome mais popular da esquerda, deve abrir mão de sua candidatura.

Embora tente disfarçar, essa posição fica bastante evidente em seu comentário sobre a entrevista de Fernando Haddad à Folha de S. Paulo de que o PT insistirá numa candidatura própria, prioritariamente à de Lula:

Eu vou seguir fazendo esforço de buscar construir unidade no nosso campo. Se a unidade não prosperar, se não houver uma compreensão e uma maturidade política de lideranças do nosso campo sobre a importância da unidade para derrotar o bolsonarismo, bom, só nos resta lamentar. Se o resultado for este, cada campo, cada partido de esquerda vai ter a sua candidatura, vai apresentar o seu projeto, e a chance de a gente repetir fracassos agindo dessa forma é muito maior

A colocação é uma mera manobra de palavras, se é que podemos chamar assim. Boulos estabelece que há um igualdade entre o PSOL, o PT e demais partidos de esquerda. Daí, deveríamos acreditar que Lula, o político mais popular do País, deveria ser “humilde”, abrir mão de seu eleitorado nas eleições em nome de uma unidade abstrata. Se Lula e o PT não fizeram isso serão acusados de terem beneficiado o bolsonarismo.

Tal ideia não é nada mais do que uma chantagem. A única unidade possível do ponto de vista eleitoral, se realmente a esquerda institucional, como é o caso do PSOL, quer derrotar Bolsonaro, é a unificação em torno do candidato mais popular da esquerda, que é Lula. O resto não passa de conversa mole, de um golpe na praça contra o eleitorado de esquerda.

Tudo isso apenas se levarmos em conta o problema eleitoral que é o que está considerando Boulos. Se levarmos em conta o problema da mobilização popular e da luta contra os golpista, a candidatura de Lula é ainda mais necessária. A defesa de seus direitos é uma condição para aqueles que dizem lutar contra os golpistas. A defesa de sua candidatura coloca em xeque um dos fatores fundamentais do golpe que é a retirada de Lula do cenário eleitoral, a fraude eleitoral e assim facilitar a vida da direita.

Boulos acredita na propaganda que a imprensa golpista e a direita estão fazendo dele próprio. Acredita que seus votos em São Paulo são produto de sua própria popularidade. Acredita, assim, que pode negociar a unidade com Lula e o PT de igual para igual.

Os votos de Boulos nas eleições presidenciais de 2018 foram pouco mais de 600 mil. Nas eleições para a prefeitura de São Paulo o psolista teve mais de 2 milhões e 100 mil votos. O que teria produzido o milagre da multiplicação dos votos? Dois fatores essenciais fizeram com que Boulos obtivesse essa votação. O primeiro foi a publicidade da imprensa golpista, que desde o início escolheu o psolista como o oficial da esquerda nas eleições. O segundo e decorente do primeiro foi que a exposição na imprensa golpista tinha como objetivo fazer os votos do PT migrarem para Boulos, apresentado como o candidato de esquerda mais viável.

A votação que Boulos apresenta como uma opção do eleitorado pela “novidade” não é nada mais do que o roubo dos votos do PT na capital paulista.

Portanto, trata-se de um estelionato afirmar que Lula deve ser humilde em nome da unidade. É um golpe que visa na realidade anular a popularidade de Lula e transferir parte de sua votação para um candidato da esquerda que não tem a mesma popularidade, quem sabe o próprio Boulos.

Quem pode mais, chora menos e quem pode mais – e muito mais – em termos de eleitorado é Lula. Se Boulos afirma querer unidade para derrotar Bolsonaro, não adiante chorar, deve se submeter ao único que tem condições de derrotar Bolsonaro no voto.

O problema aí é que Lula ainda está virtualmente impedido de se candidatar e justamente por isso que a campanha por seus direitos se faz necessária. Mas o PSOL prefere pedir que Lula se ja “humilde”. Isso tudo na realidade serve para disfarçar o fato de que, caso a direita insiste nas perseguições a Lula, a esquerda irá se submeter novamente à fraude e ao golpe como fez em 2018.

A única unidade possível e que serve para impulsionar a luta dos trabalhadores é aquela em torno de uma campanha pela candidatura de Lula e por seus direitos políticos. Se é um problema de ser “humilde” e “maduro”, quem em primeiro lugar deveria pensar nisso é o PSOL. Mas a crença na propaganda da imprensa golpista fez subir à cabeça de Boulos sua vaidade política manipulada pela direita, que na prática se apresenta por meio de uma política oportunista. É esse oportunismo que impede o PSOL e Boulos de notarem que estão servindo aos interesses da direita golpista cujo principal interesse é ver Lula bem longe da disputa eleitoral. Não fosse isso, não seria Lula o perseguido e atacado pela burguesia, mas o próprio Boulos, a não ser que o PSOL acredite nas acusações contra Lula.

No fundo, o PSOL endossa é que Lula errou mesmo, por isso foi preso, que o PT realmente é corrupto, por isso levou o golpe de Estado, e assim por diante. Está na hora da “novidade”, um partido ético e um candidato amável, ao gosto da imprensa golpista.

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