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Unidade com os golpistas

A unidade com Doria e Witzel não é cabível em cenário algum!

A Resistência/PSOL defende que para “ garantir as poucas liberdades democráticas” que sobraram é preciso fazer aliança com a direita, a mesma que deu o golpe de Estado em 2016

O 1º de maio é uma data não somente simbólica da luta dos trabalhadores, mas sempre representa um momento de mobilização em defesa das reivindicações dos trabalhadores contra os capitalistas e seus governos. O convite aos inimigos dos trabalhadores como FHC, Dória, Witzel, Rodrigo Maia, Alcolumbre, provocou no movimento sindical e na esquerda uma verdadeira avalanche contestatória.

Como se não bastasse não haver um ato e fazer, em vez disso, fazer uma live “unitária” com centrais pelegas, foram convidados verdadeiros bandidos políticos para o dia internacional de luta dos trabalhadores. Ao examinar as posições da esquerda pequeno-burguesa, podemos perceber como essa esquerda não é uma alternativa política; pelo contrário, adotam um completo seguidismo a essa política de conciliação de classe da esquerda reformista. Entretanto, como é característico dos agrupamentos da “esquerda radical”, tudo é feito com muito jargão “revolucionário” para confundir os incautos.

O caso mais exótico que merece um comentário critico é o da tendência Resistência do PSOL, formada por egressos do PSTU, que apresentou na matéria 1º de Maio: Qual o caráter do ato?, assinada por Sirlene Maciel e Mauro Puerro, um contorcionismo espetacular para defender a política “unitária” com a direita golpista na atual conjuntura.

A objeção à presença dos inimigos dos trabalhadores em um ato, ainda que virtual no 1º de maio, representa não somente uma questão conjuntural, mas a defesa da necessária independência política dos trabalhadores em relação aos seus algozes. O convite aos políticos golpistas não foi por acaso, pois espelha a política de frente ampla com a direita. Para o PCdoB e a direita do PT, a frente ampla é igualmente aplicável a todas as ocasiões, inclusive ao 1º de maio.

Pois bem, os “radicais” da Resistência (PSOL) concordam com a objeção à presença de “FHC, Dória, Witzel, Rodrigo Maia, Alcolumbre” no ato/Live do 1º de maio “unitário” das centrais. Entretanto, são favoráveis a uma frente com a direita, e, ao mesmo tempo, à realização de atividades e atos conjuntos com esses bandoleiros políticos.

A divergência com as centrais pelegas significa que, para os nossos zelosos esquerdistas, o compartilhamento de palanques com a direita golpista é plenamente possível, e até mesmo obrigatório, mas em outras datas, não “cabendo” ao ato programático do 1º de Maio.

“Isso não significa secundarizar a unidade de ação ampla contra Bolsonaro. É correto as centrais, partidos e outras entidades da população oprimida fazer com urgência ato com FHC, Maia, Alcolumbre, governadores e quem mais estiver a favor das liberdades democráticas. Mas que ocorra em momento separado do ato programático do 1º de Maio.” ( site esquerdaonline)

Os morenistas da Resistência afirmam de pé juntos que os representantes burgueses não podem ser convidados para o 1º de maio. Mas, reparem, se a direita burguesa não pode ser convidada para o ato programático do 1º de Maio, isso não quer dizer que se deve desprezar a aliança com os inimigos dos trabalhadores. “É correto as centrais, partidos e outras entidades da população oprimida fazer com urgência ato com FHC, Maia, Alcolumbre,  governadores e quem mais estiver a favor das liberdades democráticas.” Para a Resistência (PSOL), precisamos como religiosos, preservar o 1º de maio, cantar a internacional, etc, mas apenas como um ritual, como uma formalidade religiosa.

Afinal, é preciso manter ares de combatividade e defesa do trabalhador no 1º de maio; por isso, a “pauta ou programa do evento” não comporta os ilustres convidados. Sem dúvida, preservar as aparências é um capital precioso para os pequeno-burgueses em geral, e para seus representantes políticos de “esquerda” em especial.

Vejamos agora por que para a Resistência não podemos desprezar os inimigos dos trabalhadores (FHC, Maia, Alcolumbre, governadores), afinal eles podem ser vistos como nossos “novos grandes amigos” na defesa das “liberdades democráticas”

Frente única como frente ampla com a burguesia

Usando o velho truque da social-democracia, e também usado pelo stalinismo, o argumento utilizado pelos autores da matéria do esquerdaonline é a “necessidade imperiosa” de juntar “todos” para defender a “democracia”. Como se a burguesia, que ataca os direitos democráticos e impõe um regime de fome, poderia ser a tabua de salvação para os trabalhadores.

Em nome do combate à Bolsonaro, a Resistência, assim como outros defensores da frente com a burguesia, indica que seria imperativo (“necessário e urgente”) fazer unidade com “FHC, Maia, Alcolumbre,  governadores e quem mais estiver a favor das liberdades democráticas”; podemos acrescentar na interminável lista de “quem mais” os bolsonaristas de até ontem à noite, como os ex-ministros, os “novos amigos do povo”, Mandetta e Sergio Moro.

“Nesta conjuntura, diante da política fascista de Bolsonaro cuja finalidade é fechar o regime e acabar com as poucas liberdades democráticas, somos a favor de unidade de ação com setores da burguesia. Mais: achamos que ela é necessária e urgente. Mas isso se faz em base a um ponto de acordo: a defesa das liberdades democráticas e contra qualquer tentativa de golpe de Bolsonaro. Portanto, com este ponto de acordo, somos a favor da unidade com FHC, Maia, Alcolumbre, governadores, enfim todos e todas que se posicionem contra Bolsonaro e seu governo fascista. Inclusive é correto fazer atos, além de outras ações unitárias com esses setores.” ( idem)

Essa passagem, retirada do site esquerdaonline (que bem poderia ter sido do site Vermelho do PCdoB), é clara e cristalina do conteúdo da política de “unidade de ação com setores da burguesia”.

À primeira vista, surpreende essa indicação por parte por “radicais” de que a unidade com a burguesia seria uma “necessidade imperiosa”, mas, na verdade, merece precaução cuidadosa sobre os desdobramentos dessa política de “unidade de todos contra Bolsonaro”. Segundo a Resistência/PSOL, para a constituição de unidade é preciso critérios, certamente. Entretanto, a abstrata “defesa das liberdades democráticas” serve como um péssimo guia para o movimento operário na luta contra a burguesia: a frente de colaboração de classe; pois é isso de que se trata no convite para uma “unidade” os inimigos dos trabalhadores.

Os articulistas da Resistência, ainda que de maneira sorrateira, procuram apresentar essa política extremamente capituladora e de capacho em relação à burguesia como sendo uma política de “esquerda”: “A unidade de ação com setores da burguesia é parte do arsenal político da esquerda marxista.” Bem, longe de ser uma política do “arsenal político da esquerda marxista”, fazer aliança com a direita golpista é tão somente uma política de conciliação de classes, e, mais do que isso, ao contrário do que é aventado pelos defensores da frente ampla, aliança com FHC e os governadores da extrema direita como Witzel, Doria de forma alguma representaria, ainda que remotamente, uma alternativa política democrática.

Na verdade, a defesa da unidade com a direita representa abrir mão da independência política. Em um cenário do momento de intensificação de crise política, o que o PCdoB, a direita do PT e a esquerda pequeno-burguesa propõem é tão-somente ficar a reboque da direita que aplica a mesma política de ataques aos trabalhadores que a de Bolsonaro.

De qualquer forma, a Resistência tem ciência de quem são seus “novos amigos”:

”Entretanto não é possível um bloco programático da classe trabalhadora com eles, pois não há acordo de programa. Maia, Alcolumbre, Dória, Witzel estiveram na linha de frente do desmonte da Previdência, da retirada de direitos trabalhistas, privatizações, corte de gastos na saúde, educação. O governador do Rio é mestre em defender e aplicar o extermínio da juventude negra da periferia. Mesmo no combate à pandemia, os acordos com eles são pontuais.” (idem)

Então, o que justificaria uma aliança com essa direita que, segundo os próprios articulistas, é responsável pela “retirada de direitos trabalhistas, privatizações, corte de gastos na saúde, educação” e mesmo com o “governador do Rio [que] é mestre em defender e aplicar o extermínio da juventude negra da periferia”?

Na visão dos ex-militantes do PSTU, a justificativa para a unidade com a direita seria a defesa das “liberdades democráticas”. Isso é claramente uma impostura, pois foram esses mesmos setores que deram o golpe em 2016, destituíram uma presidenta eleita e retiraram direitos econômicos sociais e políticos, subtraindo liberdades políticas. Basta lembrar que prenderam o ex-presidente Lula, impediram a sua candidatura em 2018, garantindo assim a “vitória eleitoral” de Bolsonaro.

Como está na conclusão do artigo, “O diabo mora nos detalhes”, diz um ditado alemão. É preciso sublinhar um “detalhe” omitido pela Resistência/PSOL: os que hoje defendem a aliança com a direita golpista para “garantir a democracia” foram os mesmos que se recusaram a fazer a defesa de uma aliança com PT contra o golpe dessa mesma direita golpista em 2016, o que desmantelou os direitos democráticos.

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