As eleições presidenciais da Bolívia estão marcadas para ocorrer no domingo, 18 de outubro. Quem acompanha a situação política do país sabe que elas se dão em meio a uma gigantesca crise política, que começa com o próprio pleito anterior, que elegeu Evo Morales, mas que após uma intensa pressão da direita e do imperialismo, acabou sendo invalidado, em um processo de repetidas capitulações por parte do ex-presidente, que agora se encontra exilado na Argentina.
Segundo uma pesquisa que foi divulgada na sexta-feira (9), o ex-ministro da economia Luis Arce, candidato do partido de Evo Morales, se encontra em primeiro lugar no índice de intenção de votos, com 33,6%. Em segundo lugar, está o candidato mais ligado à direita tradicional, Carlos Mesa, com 26,8% e em terceiro lugar, está o representante da extrema-direita Luis Fernando Camacho, com 13,9% dos votos.
Para a burguesia, seria inaceitável o retorno do MAS, partido de Morales, ao poder. O golpe de estado que foi dado ali, da mesma forma que no Brasil, foi extremamente custoso e eles não deixarão tudo ir por água abaixo nas eleições. Neste sentido, diversas manobras já foram realizadas para impedir que esse resultado se consolidasse nessas eleições, por exemplo o seu adiamento três vezes, sob a justificativa da pandemia. Outra manobra, mais elementar, foi a retirada da candidatura da atual presidente golpista, Jeanine Áñez, para não atrapalhar a votação do candidato preferencial, Carlos Mesa.
No entanto, a impopularidade da política neoliberal é tão grande que as manobras não foram suficientes para transformar a opinião do eleitorado boliviano. Por enxergarem no candidato do MAS uma oposição a essa política, sua votação é grande entre a maior parte da classe trabalhadora e do povo.
Dentro desse cenário, há dois desenvolvimentos possíveis. Se o resultado que se configurar nas urnas for o mesmo das pesquisas eleitorais e a vitória de Arce se consolidar, a burguesia deve realizar um segundo golpe de estado para derrubá-lo. Outra opção a que eles podem recorrer é a fraude descarada das eleições, dando vitória a algum candidato da direita.
As duas soluções, no entanto, levarão apenas ao agravamento da crise política em que o país se encontra. Ambas vão escancarar para toda a população como opera a burguesia golpista dentro do processo político. Além do que, a política que a direita levaria adiante estando no poder aprofundaria as contradições entre as classes sociais, o que também é um fator de aumento da crise.
Tendo em vista esses fatos, fica claro que as eleições são um beco sem saída e que a solução é a mobilização da classe trabalhadora contra os golpistas. A esquerda não deve depositar todas as suas fichas em um processo tão fraudulento e controlado pela burguesia e levar a luta para o lugar onde ela tem chances de vencer: para as ruas. Apenas uma verdadeira mobilização de massas pode impôr uma verdadeira derrota para os golpistas.