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Victor Assis

Editor e colunista do Diário Causa Operária. Membro da Direção Nacional do PCO. Integra o Coletivo de Negros João Cândido e a coordenação dos comitês de luta no estado de Pernambuco.

Mobilização

A três dias do primeiro de maio

Em meio à pandemia do novo coronavírus, duas posições se confrontam às vésperas da data histórica dos trabalhadores

Por Victor Assis

Em apenas três dias, os trabalhadores se depararão com a data histórica estabelecida para celebrar as suas lutas: o primeiro de maio. Desde o final do século XX, a data se tornou um símbolo da luta dos trabalhadores em torno de suas reivindicações mais importantes, testemunhando, portanto, a trajetória da classe operária durante a fase última do capitalismo.

Justamente por ser um patrimônio da classe operária mundial, o dia dos trabalhadores sempre despertou a cobiça dos patrões, que, inúmeras vezes, utilizaram dos mais diversos expedientes para se infiltrar nas manifestações da esquerda. E o Brasil não foge a essa regra.

Em 2019, os atos de primeiro de maio, organizados em todo o país, seguiram, por determinação das direções pequeno-burguesas da esquerda nacional, uma política criminosa: a da frente ampla com setores golpistas. O que foi divulgado como um primeiro de maio histórico, por reunir todas as centrais sindicais, foi, na verdade, uma operação da direita para infiltrar seus agentes nos tradicionais atos da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Foram impostos desde vigaristas intimamente ligados à burguesia, como Paulinho da Força (Solidariedade), como setores que apoiaram abertamente o golpe de Estado de 2016, como o PSTU, e, até mesmo, artistas que teriam declarado voto no presidente ilegítimo Jair Bolsonaro.

Neste ano, uma operação ainda mais vergonhosa vem sendo anunciada. Valendo-se do pretexto da pandemia de coronavírus, as centrais sindicais — leiam-se os agrupamentos profundamente direitistas, como a Força Sindical, impondo sua política à CUT — decidiram não realizar nenhuma manifestação de primeiro de maio. Em vez disso, irão organizar um “ato” — com muitas aspas — pela internet. Isto é, uma videoconferência, em que alternarão algumas apresentações artísticas com algumas falas de dirigentes sindicais.

O projeto em si já é horrendo. Afinal de contas, todas as organizações do movimento operário estariam abrindo mão de sair às ruas justamente no momento em que o povo está experimentando o mais completo abandono. Sem hospitais, sem alimento e sem nenhuma perspectiva em relação ao combate à pandemia, os trabalhadores se confrontam com uma realidade duríssima. Só de mortos, já devem constar, se considerarmos o problema da subnotificação, ao menos uma dezena de milhar.

E as mortes não vão parar por aí. Os trabalhadores não estão em quarentena, trabalhando pela internet, comendo pela internet e satisfazendo suas necessidades pela internet, como fazem crer as centrais sindicais. Estão, muito pelo contrário, completamente vulneráveis ao coronavírus e serão ainda mais expostos diante das medidas de relaxamento da quarentena que estão sendo tomadas. Nesse sentido, eximir-se da luta, esconder-se atrás das telas de um computador quando o povo está morrendo — literalmente — na rua é uma política abominável.

Mas o horror não para por aí. Cogita-se chamar, para o “ato” de primeiro de maio, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e até mesmo o infanticida Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República que matava 300 crianças por dia de fome. Se o leitor já se encontra demasiadamente surpreso com a capitulação grotesca perante tamanhos inimigos do povo, apresento a informação que encerra esse verdadeiro circo de horrores. A ala “menos moderada” dos defensores da frente ampla, isto é, dos que não medem seus escrúpulos para conquistar alguma migalha do regime político, quer ver no palanque virtual elementos da extrema-direita como João Doria e Wilson Witzel!

Evidentemente, as direções da esquerda nacional — refiro-me sobretudo aos dirigentes da CUT, e não aos elementos patronais da Força Sindical — se perderam completamente em um momento da maior gravidade. Dito de outro modo, em um cenário que remete a uma guera, com milhares de mortes a incerteza pairando sobre a economia, a falta de uma política independente por parte das organizações populares lhes colocou a reboque da direita de uma maneira impressionante. É preciso, portanto, indicar o caminho para os trabalhadores — o caminho implacável da luta de classes. Mais do que nunca, se faz necessário abandonar a política de unidade nacional contra o coronavírus e levar adiante a política de unidade dos trabalhadores contra a burguesia parasitária e genocida que impede qualquer combate sério à doença.

É nesse sentido que o Partido da Causa Operária irá organizar, no dia primeiro de maio, um ato em celebração ao Dia Internacional dos Trabalhadores. Isto é, diante da capitulação e da colaboração direta com os inimigos dos trabalhadores, uma forma concreta de lutar contra os golpistas se apresenta: um primeiro de maio de luta, combativo, sem a burguesia e que reúna delegações de todo o país.

De hoje até a próxima sexta-feira, a tarefa central para a derrubada do governo Bolsonaro e para o combate ao coronavírus deve estar centrada na organização do Dia Internacional dos Trabalhadores. É dever de todo militante do movimento operário dedicar as próximas 72 horas para oferecer uma perspectiva de luta para os trabalhadores.

Não ao primeiro de maio com bandidos políticos!

Por um primeiro de maio classista!

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