Os atos que tomaram o país no último dia 15 foram o resultado do desenvolvimento da campanha política contra o golpe. A luta contra o impeachment da Dilma, contra a condenação e prisão de Lula, pela sua participação nas eleições e sua liberdade – em suma, a luta contra o golpe de Estado, chegou ao ponto em que uma grande parcela da população está tomando as ruas para rejeitar suas consequências.
O momento é mais que oportuno para os partido de esquerda levantarem a palavra de ordem “Fora Bolsonaro”. O dia 15 de maio não foi uma manifestação contra os cortes na educação, mas uma mobilização generalizada contra o governo Bolsonaro e os ataques que ele vem desferindo contra a população. A tendência daqui em diante é que as manifestações só aumentem de tamanho. A única palavra de ordem que tem a força de unificar todos os setores é a que converge para o ponto que todos tem em comum, que é pela derrubada o governo que está acabando com a economia, com a educação, com o trabalho, com a cultura e assim por diante: Fora Bolsonaro!
Se o governo for derrotado nas ruas, nada sobrará como alternativa para os golpistas. Se Bolsonaro cair pela mobilização popular um governo Mourão seria ainda mais instável e impopular. Além do mais, o momento se torna propício para chamar novas eleições gerais. Derrotar Bolsonaro, chamar novas eleições e libertar Lula para que possa concorrer. Essas conquistas seriam um enorme retrocesso do ponto de vista do Golpe de Estado e daqueles que o promoveram, pois desfaz passo a passo as suas vitórias.
Nenhum tipo de acordo deve ser feito com o atual governo ou qualquer parcela de sua composição (como Mourão ou o centrão), pois seria uma capitulação à fraude eleitoral e às manobras da burguesia golpista. A esquerda parlamentar, cuja vontade de manter seus cargos era maior que de lutar em defesa dos direitos da população denunciando a fraude e mobilizando pela derrubada do atual governo, deve cessar imediatamente qualquer diálogo com Bolsonaro e seus ministros.
Também não se deve pactuar com o centrão. Os velhos partidos nada têm a acrescentar na luta popular; se almejam quaisquer alianças com a esquerda é para recuperar a popularidade perdida durante o processo golpista, e impedir que a esquerda domine totalmente o panorama político brasileiro. Uma frente ampla com esses setores seria uma frente ampla com o inimigo, pois a “vitória” eleitoral de Bolsonaro só foi possível graças as manobras políticas do centrão, que decidiu por apoiá-lo.
Sem conciliação e com objetivo de derrotar o governo, a esquerda deve ir às ruas, ocupar as universidades, organizar as greves e com as palavras de ordem “Fora Bolsonaro”, “Liberdade para Lula” e “Eleições Gerais já”.