A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou nesta quarta-feira (2), uma nota técnica em que afirma que a cidade do Rio de Janeiro está um triz do colapso do sistema de saúde. Isso quer dizer que não demora muito e vai haver um caos geral por falta de atendimento causado pela Covid. O que é ainda mais preocupante por estarmos perto das festividades de Natal e Passagem do Ano, que são sinônimos de aglomeração.
O número grande de mortes provocadas pela Covid na cidade, sendo o último registro de 81 em 24 horas, alertou os especialistas que definiram o cenário futuro como grave e preocupante. A Secretaria Estadual de Saúde divulgou mais de 3 mil novos casos de Covid-19.
Christovam Barcellos, sanitarista e coordenador do Monitora Covid da Fiocruz, se manifestou sobre o problema informando que, entre setembro e outubro, houve cerca de mil mortes a mais do que o esperado. E disse mais: “Esse estudo mostrou o que nós chamamos de excesso de mortalidade, uma quantidade a mais de pessoas que vieram a óbito no município do Rio, em torno de 28 mil pessoas. Isso é assustador, porque se a gente pensar que em torno de 13 mil dessas mortes aconteceram por Covid, os outros 15 mil morreram por falta de assistência — tinham doenças crônicas que podem ter sido agravadas pela Covid ou que não receberam a devida assistência, por exemplo, para crise de hipertensão e diabetes”.
As informações do SUS revelam que a fila para internação de pacientes com Covid-19 subiu dez vezes no SUS, em apenas um mês e meio, e que 456 pessoas estavam a espera de um leito, sendo 242 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), segundo relatório, até quarta-feira (2),
A Fiocruz, por sua vez, no seu relatório, diz que essa situação vai piorar, e que, para evitar que isso ocorra, a cidade vai ter que montar uma estrutura hospitalar para dar conta da demanda que já é excessiva. Como destaque, ela demonstra que um ponto preocupante são as mortes fora das UTIs, sendo que 40,5% dos óbitos por Covid registrados em hospitais foram dentro de UTI, 27% fora da UTI, e 32,5% sem informação. E isso sem considerar os doentes que sequer chegaram aos hospitais, tendo falecido em casa, a caminho, ou nos postos. Barcellos, inclusive comenta isso:
“Infelizmente muita gente faleceu em casa ou dentro das UPAs, provavelmente esperando vagas em hospitais. Quem chegou aos hospitais, muitas dessas pessoas não tiveram acesso a UTI e faleceram em outros setores dentro dos hospitais, como por exemplo nas enfermarias”, afirmou o sanitarista.
Christovam Barcellos também denuncia que as esferas municipais, estaduais e federal não se articulam no combate à pandemia, mas precisa.
“É um aviso, principalmente para os prefeitos que vão tomar posse a partir de 1º de janeiro de 2021, de que podem encontrar um quadro de colapso no seu sistema de saúde e completamente desarticulado dos demais municípios, dos estados e federal”, disse o coordenador do Monitora Covid.
Embora as instituições estejam desarticuladas não quer dizer que o reconhecimento disso vá mudar alguma coisa no panorama, já que isso faz parte dos planos da burguesia, que não tem outro interesse senão que a economia não pare, que não tenha isolamento social, e que as pessoas estejam nas ruas, nas praias, nos bares, nas escolas, em todo lugar onde haja uma fonte lucrativa. Sequer preocupação com a nova onda, que de nova não tem nada, a burguesia tem. Os capitalistas estão dispostos a matar mais centenas de milhares para manter seus lucros.
A única forma de barrar tamanha ofensiva é com a mobilização popular dos estudantes, secundaristas e universitários, dos trabalhadores, com os sindicatos de todas as categorias se pronunciando, com os demais organismos dos movimentos sociais, bem como as associações de bairros, todos nas ruas, para protestar e barrar de uma vez por todas essa política genocida, que não para de derrubar de forma covarde e aviltante, amigos, parentes, trabalhadores, e todas as pessoas que deveriam estar hoje conosco, ou com suas famílias, mas já se foram, morreram contaminadas pela covid, e pela falta de uma política que combata isso, valorizando as vidas em jogo e não o lucro.