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A crise é de direção política

A revolta popular depende de uma política correta para as massas

Não é possível retrosceder as organizações do movimento operário. Uma polêmica com o colunista Gustavo Conde

A esquerda pequeno-burguesa, justamente por sua distância da luta da classe operária e sua posição de classe, tem como uma de suas obseções a procura por fórmulas mágicas para resolver os problemas sociais, políticos e econômicos. Essas fórmulas variam de acordo com os interesses daquele que a apresenta.

O colunista do portal Brasil 247, Gustavo Conde, publicou coluna no dia 29 de outubro com o título: “Brasil passa por crise de obediência civil”. Ali, ele apresenta uma interpretação distorcida do que acontece no Brasil e apresenta uma solução tão mágica quanto falsa para resolver os problemas da mobilização de massas no País.

A tese fundamental de Conde é a de que a falta de mobilização como a que acontece nesse momento no Chile, a paralisia das organizações populares deve-se ao “excesso de organização” da esquerda o que leva a uma política de muita “obediência” diante dos ataques da direita. Diz ele que a “sociedade trabalhadora está organizada demais (bem comportada demais). Neste momento, isso só atrapalha”, e mais para frente ele afirma: “O excesso de organização e de civilidade republicana desta esquerda democrática que preza verdadeiramente o país tem sido o freio para a nossa tão aguardada revolta popular.”

Conde confunde algo elementar. A “civilidade republicana” da esquerda e das organizações é em primeiro lugar um problema de orientação política completamente errada das lideranças populares. A esquerda brasileira está adaptada ao regime político e tem muita dificuldade de romper com ele mesmo diante de um governo que já anunciou que vai devastar a esquerda. Atribuir essa “obediência” a um excesso de organização é não apenas falso mas se levado a últimas consequências é defender que o movimento operário e popular brasileiro retrocedesse no tempo.

No fundo, o que Conde deseja às organizações da esquerda é o que Bolsonaro já anunciou que pretende fazer. O maior desejo de Bolsonaro e de todos os golpistas, que sempre foi o maior desejo da burguesia como um todo, é o de destruir as organizações populares. Levando até as últimas consequências a proposta de Conde deveríamos nos colocar de acordo com o desejo da direita. Será que essa seria mesmo a saída para uma revolta popular no País? Parece muito difícil de acreditar nisso.

Um problema dos intelectuais da esquerda pequeno-burguesa é que sua vontade de inovar e de encontrar soluções mágicas para os problemas acabem necessariamente entrando em contradição com a realidade e com a lógica também.

O Brasil não precisa retroceder em suas organizações, mesmo porque isso seria não um progresso mas um fator de desmoralização política. O que falta ao movimento de massas no Brasil é uma organização maior, mais centralizada e mais decidida. Uma organização que supere as vacilações e confusões políticas da esquerda e oriente as massas para uma luta revolucionária.

É preciso ainda fazer uma ressalva. Embora seja preciso reconhecer que a política do PT e da CUT são insuficientes, é preciso dizer que essas organizações são representantes, com todos os problemas que se possa apontar, legítimas da classe operária. O fato de que os trabalhadores brasileiros se encontram nesse nível de organização não deve ser subestimado, pelo contrário, é produto da luta das massas trabalhadores brasileiras.

Portanto, ao contrário do que Conde procura apresentar, o PT e a CUT são a demonstração de que a luta social no Brasil é mais avançada do que no restante dos países da América Latina. Esses instrumentos, que devido às contradições políticas das direções estão semi-paralisados, podem facilmente se transformar num fator decisivo para a revolta popular, se essa vir a estourar no Brasil.

Dizer o contrário disso é não entender a história do movimento operário no País e muito menos o funcionamento da luta da classe operária.

Conde afirma que a “revolução não se combina nem se programa”. Nada poderia ser mais falso. Uma explosão social pode, dependendo das circunstâncias, até ser disparada por fatores semi-espontâneos, mas o desenvolvimento de uma revolução não é possível sem uma organização das massas, sob pena de ser derrotada pela burguesia, uma classe social organizada no Estado e suas instituições e partidos.

Para derrotar a selvageria da direita brasileira é preciso uma política correta, não o caos como defende Conde. É preciso dar uma orientação política para as massas no sentido da derrubada do governo e de todos os golpistas. Para isso, é preciso muita organização, não pouca, e mais ainda, é preciso colocar em movimento as poderosas organizações construídas pela classe operária brasileira.

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