“A Revoada dos coxinhas verde-amarelo”, uma crônica feita por um militante do comitê de luta do Rio de Janeiro sobre o ocorrido no CPII

Da redação – Iremos reproduzir uma crônica sobre o enfrentamento com o MBL no Colégio Pedro II feita por um militante do comitê de luta contra o golpe do Rio de Janeiro.

A Revoada dos coxinhas verde-amarelo

O ato estava marcado para as 11h na frente da entrada principal do Colégio Pedro II, unidade Tijuca II, que acaba sendo de frente para o colégio militar da tijuca. O
Movimento Brasil Livre havia alugado carro de som, preparado uma faixa e conversado com a polícia. Os professores estavam assustados, e é de se entender o porquê; por todo o país estão pintado suásticas e palavras como “morte aos negros”, “a viadagem vai acabar”, “morte aos comunistas”, além de ter congressistas pedindo para os alunos filmarem os professores em sala de aula. O projeto Escola Sem Partido, que na verdade é Escola Com Fascismo, é o início de um processo violento de caça às bruxas. Uma temporada onde as arbitrariedades ultrapassam limites, onde professores e alunos podem arriscar suas vidas.

Nós marcamos um contra-ato relâmpago com a militância no mesmo horário, pois não poderíamos deixar a direita crescer e se sentir confiante; isso aumentaria exponencialmente a truculência dela e deixaria a esquerda cada vez mais acuada, sem poder enxergar perspectiva de saída. É uma questão de cortar na raiz antes que o mal cresça. Outros movimentos de estudantes, como na UnB e na USP, já havia mostrado como se deve tratar manifestações de fascistas: com a mesma moeda.

Chegamos mais cedo que o horário marcado, por volta de umas 10h30, mas meia dúzia de coxinhas verde-amarelo já havia chegado num carrão com a bandeira do movimento, um carro de som alugado e uma faixa que foi amarrada entre duas árvores de frente para o colégio. Quando chagamos éramos apenas 4. Tiramos fotos e espalhamos nos grupos chamando o pessoal e mostrando aos descrentes de que de fato o MBL estava em frente ao Colégio Pedro II, prontos para atacar o colégio público mais conceituado do Rio de Janeiro.

A presença da Polícia Militar saltava aos olhos. Sabíamos que a direção do colégio havia chamado a polícia para vigiar o local, mas conversando com um PM fiquei sabendo que o MBL também os tinha acionado e acertado os termos do ato que estavam prestes a realizar. As viaturas estavam em ambos os lados da rua, uma em frente ao colégio militar e outra em frente ao CPII; e uma atrás do carrão dos coxinhas, todos armados de fuzil e granada, com a cara de simpatia que só um PM consegue ter. Era seguro afirmar que a polícia estava lá para proteger os verde-amarelos. Não reclamaram do fato do carrão estar estacionado onde não podia, nem da faixa que foi amarrada entre as árvores, e muito menos do barulho do carro de som, coisas que meses antes seria o suficiente para agredir e prender qualquer militante de esquerda que estivesse fazendo campanha para as eleições.

O tempo foi passando e foram chagando mães e pais de alunos do colégio, tanto da unidade da Tijuca como de outros bairros, militantes dos Comitês de Luta Contra o Golpe, militantes de esquerda e também alunos do próprio colégio, embora fossemos descobrir mais tarde que dentro do Pedro II estava tendo todo um movimento para impedir a saída dos alunos pela porta principal e para dissuadi-los de participar dos atos, mesmo estes apresentado uma forte vontade de participar e protestar contra a mordaça e a censura promovida pela direita. A verdade é que a diretoria e os professores decidiram não responder os fascistas, optaram por fazer algo dentro da escola: mesas de debates, apresentação de música, ao invés de sair e espantar aqueles que estavam proferindo ameaças do lado de fora. Uma tática equivocada, pois logo logo estarão entrando com mandatos judiciais e policiais armados para prender professores e diretores, assim como alunos organizados.

O ato começou a esquentar à medida que chegavam mais militantes de esquerda, o carro de som já não bastava para sobrepor os gritos de “Fora MBL”, ”Fora Bolsonaro”, “Fora Fascistas”, “Viva o Pedro Segundo”, vaias e outros gritos de protesto. Esse mesmo carro de som estava falhando de vez em quando e se via o desespero dos coxinhas quando isso acontecia. Covardes e escassos demais para nos enfrentar com a força da própria garganta. De um lado tínhamos pessoas dispostas a defender a livre expressão, ensino sem censura, a educação pública e liberdade dos docentes e discentes, e do outro policiais, fascistas e mercenários pagos para estarem ali – sem contar com os policias infiltrados que mandaram infiltrar nossas fileiras. Estava claro a superioridade dos que se defendiam.

O final desse episódio foi a cereja do bolo ridículo que é a direita. O carro de som pifou de vez, e no desespero aparente o MBL teve que recolher sua faixa e dispersar em questões de instantes todos os seus integrantes. Cada um pro seu lado. Como eram poucos sumiram rapidamente, deixando o pobre proprietário do carro que alugaram para trás sem sequer prestar ajuda. Coube à esquerda empurrar o carro para que este pudesse voltar para casa.

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