A devastadora crise econômica e social que assola do país atinge o conjunto da sociedade como um todo, mas em particular as camadas menos favorecidas, onde já são mais de 13 milhões de desempregados, como resultado da política criminosa das classes burguesas, os golpistas e sua política de destruição e entrega dos ativos da economia nacional ao imperialismo.
O esporte mais popular do país, o futebol – paixão das grandes massas populares – também não poderia ficar imune a este verdadeiro tsunami social que atinge o país; o flagelo do desemprego, dos baixos salários, da carestia e do desespero a que estão sendo levados milhões de brasileiros trabalhadores que buscam sobreviver com os minguados salários pagos pelos patrões exploradores.
A realidade do futebol brasileiro e da imensa maioria dos jogadores de todo o país é muito diferente daquela imaginada por uma parcela dos torcedores e da população, onde muitos acreditam que jogador de futebol ganha “rios” de dinheiro, levando uma vida de sonhos, com luxos e esbanjamentos.
Trata-se de uma ínfima minoria os que usufruem dessa condição, marcada por ostentação, carros importados, casas de praia, etc. A maioria dos atletas profissionais do futebol no Brasil enfrentam quase as mesmas dificuldades do cotidiano de um trabalhador comum, onde a luta do dia a dia está marcada pela defesa da sobrevivência.
Mesmo nos grandes clubes, aqueles considerados de maior expressão, grandes torcidas e receitas elevadas em cifras, a realidade dos jogadores, muitas vezes, está marcada por um conjunto de dificuldades que não chegam ao conhecimento do torcedor e da população.
Neste momento, em alguns cantos do país, começam a pipocar protestos de jogadores, insatisfeitos com o excessivo atraso nos salários. O atraso no pagamento dos salários se tornou prática corriqueira nos clubes país afora, inclusive nos chamados grandes clubes, onde há registros de atraso em clubes dos grandes centros do futebol nacional, como é o caso do Rio de Janeiro, com o Vasco e também o Fluminense.
Nos dois clubes cariocas citados houve protestos e manifestações nos vestiários pelo atraso nos salários. No tradicional time das Laranjeiras, o Fluminense, o princípio de crise foi “contornado” com a interferência do técnico Fernando Diniz, que ponderou com os jogadores sobre as “dificuldades” atravessadas pelo clube e a disposição da diretoria em colocar os salários em dia.
Já no Vasco da Gama, que acaba de conquistar a vaga para a final do campeonato carioca contra o arquirrival Flamengo, o desfecho da crise salarial acabou de forma uma pouco mais drástica do que no Fluminense. Um dos atletas que liderou o protesto, Thiago Galhardo, foi desligado do clube e não atua mais pelo time. O comunicado foi feito pela diretoria vascaína, depois da partida contra o Bangu. “Junto com ele, ainda segundo as informações, estavam Maxi López, Luiz Gustavo e Pikachu, que também fizeram parte do protesto, mas não foram punidos” (ESPN, 08/04).
Ainda no domingo aconteceu o protesto mais contundente e de maior publicidade. Na partida entre o Comercial e a Aquidauanense, válida pelo campeonato do Mato Grosso do Sul, os jogadores das duas equipes, antes do apito do árbitro para o início da partida, sentaram em campo e assim permaneceram por 1 (um) minuto. O protesto foi dos jogadores do Comercial, motivado pelo atraso nos salários, mas que teve a solidariedade do adversário. O resultado final da partida foi de 2 a 1 para o Aquidauanense, que acabou conquistado a vaga para a final do Estadual.
Os atletas devem se organizar e levar adiante as lutas em defesa dos seus direitos e das suas reivindicações, contra a burocracia corrupta que em sua quase totalidade dirige os clubes de futebol do país, contra os jogadores e torcedores.