A palavra de ordem “Fora Bolsonaro” resume a tarefa central da esquerda e do movimento popular na etapa atual. Não é um governo legítimo, foi eleito através da maior fraude eleitoral da história do País, não tem apoio da maioria da população, chegou ao poder devido a um golpe de Estado. Portanto, deve cair. Da mesma forma que, historicamente, o povo sempre clamou a derrubada de governos opressores, ditatoriais, antipopulares e exploradores, o povo deve (e já está fazendo) exigir o “Fora Bolsonaro”.
A esquerda pequeno-burguesa, do alto de seu conforto pelos cargos que ocupa dentro do Estado, acusa os que pedem a derrubada de Bolsonaro de serem iguais à direita e a Aécio Neves (PSDB), que recusaram a derrota eleitoral em 2014 e iniciaram o golpe para depor a presidenta legítima Dilma Rousseff. Na verdade, a direita tentou dar um golpe ainda durante aquelas eleições, uma vez que a máquina da burguesia fez de tudo para impedir a vitória do PT.
O governo Dilma, apesar das pressões da direita que o fizeram ceder em diversos aspectos de sua política, tinha o apoio da maioria da população. Era apoiado pelos movimentos populares e pela classe trabalhadora, mesmo com uma posição extremamente moderada. Era o contrário do governo Bolsonaro, que, mesmo com toda a manipulação das eleições, conseguiu no máximo um terço dos votos, e que, a cada dia que passa, perde o apoio de sua própria base eleitoral. Um governo absolutamente antipopular.
As crescentes manifestações que vêm ocorrendo desde que o fascista tomou posse são uma demonstração clara do repúdio popular ao seu governo entreguista. Não é apenas o PCO (embora este tenha sido o primeiro a colocar essa questão) que exige o “Fora Bolsonaro”. No Carnaval ficou nítido o rechaço ao presidente ilegítimo, com gritos por todos os cantos de “Ei, Bolsonaro, vai tomar no c*!”. Nas oportunidades seguintes, essa tendência foi se desenvolvendo, até desembocar nos grandes atos nacionais do dia 15, no âmbito da greve geral da Educação.
Por todo o País, estudantes, professores e demais setores populares expressam claramente a total insatisfação popular contra Bolsonaro. Em gritos, cânticos, cartazes e faixas, viu-se presente o “Fora Bolsonaro” ou alguma frase no mesmo sentido. Essa política imediata está na boca do povo.
Mas a esquerda pequeno-burguesa continua tentando abafar essa tendência. Crê no jogo institucional, mas nem mesmo para derrubar o governo através das instituições (como se fosse possível, a menos que entrasse um Bolsonaro 2.0 em seu lugar, como Mourão), e sim para fazer “oposição propositiva”. Ou seja, para, na prática, ajudar Bolsonaro a saquear os trabalhadores, com no máximo algumas medidas paliativas. Essa esquerda se coloca contra as aspirações da população.
Devido à grande polarização política, a radicalização popular mostra que está aumentando. Existe uma tendência cada vez maior pela derrubada de Bolsonaro e dos golpistas. É preciso que os movimentos de luta contra o golpe, como os partidos de esquerda, as organizações sindicais como a CUT e de outros setores populares como o MST, organizem essa tendência pelo “Fora Bolsonaro”, fazendo uma ampla campanha com essa palavra de ordem nos locais de trabalho, estudo e moradia, para que os atos como o do dia 15 se radicalizem ainda mais e se transformem em um movimento de enormes proporções que derrube definitivamente Bolsonaro e o golpe em seu conjunto, e que coloque em seu lugar um governo dos trabalhadores e das classes populares.