Após uma longa semana de apuração dos votos nas eleições norte-americanas, em meio a denúncias de fraudes e a uma série de mobilizações da população nas ruas, o resultado finalmente consolidou a vitória do democrata Joe Biden, o candidato do imperialismo. A operação da burguesia para impulsionar a eleição de Biden se deu em grande medida na busca de apoio por vários setores da esquerda dos Estados Unidos.
O candidato apoiado por Wall Street, pelos capitalistas do setor financeiro e dos setores militaristas da burguesia norte-americana era apresentado por toda a imprensa do país e internacionalmente como um político “civilizado”, que seria a resposta para a “barbárie” representada pelo também direitista Donald Trump. Assim como a esquerda, setores identitários do movimento negro, do movimento de mulheres atuaram em defesa do candidato que é na verdade um verdadeiro inimigo da população pobre e mais ainda dos negros e mulheres.
O lado “civilizado” da candidatura de Biden esteve representado na figura de Stacey Abrams, apresentada como ativista do movimento negro, advogada e escritora. A política do Partido Democrata, que foi deputada na Geórgia por 11 anos organizou vários movimentos para que a população participasse da eleição, visto que o voto não é obrigatório nos Estados Unidos. Só no Estado da Geórgia, essas iniciativas trouxeram mais 800 mil novos eleitores, sendo 45% dessas pessoas com menos de 30 anos e 49% são negros.
Abrams é só mais um exemplo de como a “representatividade” costuma ser usada para passar uma imagem mais “civilizada” da direita. No mesmo sentido também serve a vice de Biden, Kamala Harris, que recentemente declarou que “o embargo é a lei” ao se referir a Cuba.
A luta dos negros e também a luta das mulheres não pode ter como política a mesma política defendida pela direita tradicional dos Estados Unidos. Os democratas norte-americanos foram os responsáveis por todas as guerras sustentadas pelos EUA nos últimos anos. Joe Biden, da mesma forma que o ex-presidente Bush, atende às demandas da ala mais militarista da burguesia. Stacey Abrams e Kamala Harris seguem a mesma política, só que fantasiada de mais “democrática”, por supostamente defender os negros, as mulheres e os demais setores oprimidos.
Todos os ataques desferidos ao povo negro vêm exatamente dessa direita. A burguesia sempre usa desse tipo de manobra para confundir a população e “pescar” os mais incautos da esquerda pequeno-burguesa, que nos últimos tempos tem levado uma política totalmente a reboque da direita. Essas figuras da direita se utilizam de uma cartada identitária para dar legitimidade a esses ataques. Esse tipo de farsa deve ser denunciado por todos os setores e organizações de esquerda e devem ser combatidos no sentido de mobilizar a população para enfrentar a direita nos métodos tradicionais, com o povo na rua.