Na terça-feira (26), o ministro Paulo Guedes não compareceu à reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara que marca a primeira etapa para a aprovação da “reforma” da Previdência.
De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, nos bastidores, o PSDB, o PP e o PR, que não fazem parte da base de apoio ao governo, comemoraram a desistência de Guedes em participar da reunião. Estes partidos reclamaram , também, da ausência de diálogo e articulação política entre o Palácio do Planalto e o Congresso.
Para Alessandro Molon (PSB-RJ), líder da oposição na Câmara, o objetivo era ouvir de Guedes os argumentos para a aprovação da “reforma”. Com a ausência do ministro, a reunião poderá ser adiada para a próxima semana.
A assessoria do Ministério da Economia divulgou uma nota em que afirma o interesse da equipe técnica e jurídica da Secretaria Especial da Previdência e Trabalho representar a pasta de Economia na comissão da Câmara.
Diante da situação, o presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) defendeu aos seus aliados a não-participação do ministro na reunião do CCJ.
Irritados com o governo, os líderes de partidos devem realizar um ato público na Câmara para enfatizar a oposição a determinados pontos da “reforma”, entre eles, a aposentadoria rural e o BPC (benefício pago a idosos carentes).
O governo está passando por uma série de crises internas (olavetes x militares; PSL x MBL; Bolsonaro x Maia, etc.). Hoje, Paulo Guedes sequer apareceu para defender a “reforma”. O problema para Bolsonaro é que ele foi colocado lá para aprová-la. Sem ela, a própria burguesia golpista vai querer derrubá-lo. No entanto, mesmo nesse Congresso cheio de direitistas, é difícil aprovar a reforma porque nenhum deputado quer enterrar sua carreira política para sempre aprovando algo que significa o roubo das aposentadorias dos milhões de trabalhadores brasileiros.
A direita vai precisar de uma série de instrumentos de cooptação para isso: troca de cargos em estatais, propina, ameaças e chantagens. A dificuldade da direita deve ser aproveitada pelos trabalhadores para uma mobilização contra o governo. Fora Bolsonaro!