O Departamento de Comércio dos EUA divulgou dados sobre o tamanho da crise no país capitalista mais forte do mundo. A economia norte-americana encolheu 32,9% entre abril e junho. “Um colapso da economia sem precedentes. Os efeitos da paralisia da atividade também são sentidos em outros indicadores. A onda de demissões causada pela crise sanitária continuou a avançar nos EUA, onde novos pedidos de seguro-desemprego aumentaram pela segunda semana consecutiva.” (El País, 30/7/2020)
Na Europa o mesmo tem ocorrido. O PIB da Alemanha teve a maior queda trimestral, entre abril e junho, desde 1970, quando começaram as estatísticas. A queda foi de 11,7% comparando o mesmo período do ano passado.
Nos EUA, a abertura antecipada de empresas levou a uma leve elevação nos indicadores, mas muitas empresas tiveram que fechar novamente em função de uma nova onda de contaminação e mortes.
Com a divulgação de resultados negativos de grandes empresas as Bolsas de Valores despencaram nesta semana.
“Também pessimista é a projeção da Comissão Econômica da Organização das Nações Unidas para América Latina e Caribe (Cepal) para a economia da região: um tombo de 9,1% com desemprego e pobreza aumentando” (idem El País). A Cepal está vendo o desemprego aumentar rapidamente na região e calcula que aumentará de 18 milhões para 44 milhões de pessoas.
No Brasil, estatísticas do mesmo período somente serão divulgadas em setembro. Mas o acompanhamento do Banco Central e do FMI indicam uma retração anualizada do PIB em 2020 entre 5,77% a 9%, senão maior.
O lento retorno dos EUA, o segundo maior parceiro comercial do Brasil, impactará as exportações brasileiras nos próximos períodos. Redução nas exportações significa redução de emprego e prolongamento da crise.
Assim como mostraram outros momentos na história do capitalismo, o que virá após a crise é mais crise para os países atrasados, chamados de “em desenvolvimento” para esconder seu caráter dependente e periférico. Os países imperialistas vão aumentar ainda mais a exploração sobre os trabalhadores, tanto em seus países e mais ainda nos outros países. As empresas de celulares vão agravar ainda mais a condição sub-humana daqueles que procuram minerais raros, especialmente em África, necessários para os circuitos dos aparelhos vendidos pela Apple e Samsung.
O que estamos vendo na América Latina solapada por golpes de extrema-direita é uma sequência de golpes contra os direitos dos trabalhadores e a expropriação das empresas estatais que estão sendo privatizadas ou doadas ao capital internacional. Nesta semana o bilionário Elon Musk, dono da Tesla, empresa norte-americana de carros elétricos e de armazenamento de energia, afirmou e repetiu que ninguém iria impedi-lo de ter acesso ao lítio boliviano: “Vamos dar golpe em quem quisermos”, disse ele na maior cara de pau (Brasil de Fato, 25/7/2020).
A retomada da economia mundial trará a países como o Brasil mais fome e miséria, mais pressão internacional pela aquisição de empresas e de recursos naturais.