Em editorial intitulado: “As eleições e as fake news” o jornal golpista O Estado de S. Paulo dá uma notícia do consórcio que está se formando nas eleições municipais entre os monopólios da informação na internet, como Facebook, Whatsapp e Instagram , e a alta burocracia estatal. Representados nesse caso pelo Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal Eleitoral. Segundo o jornal, o que está em jogo não é uma censura, o que é avesso à realidade.
Para “comprovar” que não é o avanço da censura, o que fica gritante na notícia por si só, o Estadão coloca-se como “guardião” da Constituição Federal. Dizendo que a censura é vedada na nossa constituinte de 1988, sendo que o próprio jornal rasgou o texto jurídico que supostamente rege toda legislação e toda política do País com o golpe de Estado de 2016 que ele apoiou. Censurar é tão criminoso quanto destituir um presidente da República sem provas concretas, por motivo simplesmente políticos, e também prender o principal líder do partido que foi deposto. Na verdade, o editorial do Estadão tenta maquiar a realidade tanto do golpe, quanto da censura aberrante que avança a passos largos no País.
Entretanto, apesar dos inúmeros casos de censura no País, de artistas, políticos e até pessoas praticamente anônimas, que são perseguidas por motivos políticos e sociais, desde os tribunais até a própria Polícia Militar, o Estadão reafirma diversas vezes que não há um avanço da censura. Entretanto, um dos pontos principais desse consórcio é que são as mesma empresas responsáveis por bloquear os perfis com base no conceito antidemocrático e arbitrário das “fake news”. Aqui vemos algo digno de uma breve reflexão.
Sabemos que o Supremo Tribunal é um órgão totalmente apodrecido, engessado e extremamente dominado pela burguesia. Claro que uma instituição que tem mais de duzentos anos e continua intocada, passando por diversos regimes políticos diferentes, do fascismo às pseudo-democracias burguesas que passaram pelo País, não teria destino diferente a não ser avançar por uma ferrenha censura contra aqueles que são um perigo e até moderadamente contrários ao regime do qual eles ganham um “belo” suborno, que chamam de salário, para defender. Mas o que é inédito nesse editorial é passar a responsabilidade da censura não à burguesia que domina o tribunal, das oligarquias locais até os mais alinhados ao imperialismo, mas passar diretamente essa atribuição ditatorial aos monopólios capitalistas.
Isso dribla totalmente os grupos políticos que tem suas gordas ações no mercado decadente da especulação de serem minimamente tocados por esse consórcio da censura. O Facebook e demais são empresas capitalistas, grandes monopólios da comunicação, visam seus lucros obscenos vendendo suas informações a estados nacionais, aparatos paraestatais, outras empresas. Um grande mercado da vida coletiva de toda população mundial. A última coisa que esses capitalistas fazem é prejudicar seus sócios.
Então quem seria prejudicado por essa infiltração no Estado dos monopólios de informação dentro da Internet? Toda população brasileira. E, no que se refere às eleições, quem seriam os prejudicados? À esquerda e todos aqueles que se coloquem como uma ameaça e um potencial perigo ao desenvolvimento do regime político, o mesmo regime que garante uma aberração dessas. E, claro, todos aqueles que se colocarem contra a face mais visível desse regime político golpista, que é o governo Bolsonaro. Qualquer candidato que se colocar contra o governo genocida estará imediatamente com o machado da censura apontado para sua cabeça.
Por isso, é imprescindível que se faça, no que se refere à esquerda, uma grande e agitada campanha de rua pelo Fora Bolsonaro. Nos bairros operários, nas portas das fábricas, nos centros comerciais e todos os lugares possíveis para se fazer essa campanha e denunciar entusiasticamente essa censura. Convocar uma grande mobilização unificada dos trabalhadores da cidade e do campo pelo fora Bolsonaro e desenvolver um plano de lutas que coloque abaixo todo o golpe de Estado imposto pela força também por essas máquinas de censura.