Nos idos de março quando já era notório que o coronavírus estava circulando livremente no Brasil muitas pessoas inclusive lideres da esquerda diziam que era o momento de união nacional.
Bem a diretoria do Club de Regatas Vasco de Gama mostrou como os representantes da burguesia estão enfrentando a pandemia. Na segunda passada foi anunciado que eles demitiram 50 funcionários e nesta quarta o jornal Estado de São Paulo detalhou os impactos destas demissões. Eles acabaram com todo o departamento esportivo paraolímpico incluindo a comissão técnica e os 21 atletas paraolímpicos tudo isto para uma suposta economia mensal de 40 mil reais.
O fato das Paraolimpíadas de Tóquio estarem marcadas para o segundo semestre do próximo ano e os bons resultados nos esportes paraolímpicos como no Parapan de Lima, em 2019, onde a nadadora Joana Maria, ganhadora de quatro ouros, duas pratas e um bronze na referida competição ou no futebol de Sete onde a equipa vascaína é pentacampeã brasileira e base da seleção brasileira não foram fatores para garantir a continuidade do departamento no clube. Além dos profissionais o clube vai dispensar os 128 alunos/atletas que frequentavam as atividades oferecidas pelo departamento nas categorias de base
Em nota oficial enviada ao jornal paulistano, o motivo alegado é “readequar seu quadro de colaboradores (nome que a burguesia tem adotado para se referir aos seus funcionários atualmente) em virtude especialmente, das dificuldades financeiras impostas pela pandemia da Covid-19”. Contudo a agora demitida coordenadora do paradesporto e técnica de natação do clube, Lívia Prates revela que toda a comissão técnica não recebe os devidos salários desde dezembro e nas últimas viagens as despesas foram pagas pelos integrantes do departamento paraolímpicos.
Outras informações do seu relato reforçam como os representantes da burguesia lidam com a classe trabalhadora mesmo com os mais qualificados. Primeiro o Vice Presidente, Francisco Vilanova, disse que não precisavam se preocupar enquanto os atletas paraolímpicos continuavam suas atividades normalmente de casa, uma vez que 80% do seu contingente está incluído nos grupos do risco, mesmo com os todos atletas olímpicos do clube tendo recebido aviso ou de suspensão de contrato ou de redução de salário. Depois, na última sexta, o Presidente mandou uma mensagem à coordenadora para uma reunião presencial de todo o departamento incluídos a comissão técnica e os atletas na segunda, dia 11, a título de planejamento. No referido dia obviamente nem o Presidente Alexandre Campelo e nem o Vice Presidente Francisco Vilanova apareceram e passada uma hora de espera a secretaria da vice-presidência chegou avisando que eles deveriam entrar um a um no setor de Recursos Humanos para receber o aviso de dispensa.
Mas não ficou só nisso. Mostrando todo o espirito de solidariedade da diretoria visto, como descreve a ex-coordenadora Lívia Prestes na reportagem do Estado de São Paulo, “não entendi até agora porque colocaram um segurança na porta do RH no dia que fomos assinar o acordo de demissão. Mas o clima estava estranho. Não deram espaço para negociação. Em dado, pediram que a gente se retirasse”.
Esta situação ocorrida no clube carioca não é exclusividade do futebol. Na verdade, revela o funcionamento do sistema capitalista principalmente a relação entre patrão e empregado. A corda sempre arrebenta no mais fraco independente de estarmos vivendo a maior crise sanitária no mundo nos últimos cem anos. Mas a lógica capitalista não se importa com isto. Vai descartando todos aqueles que entendem ser dispensáveis. Se o momento é de uma pretensa união nacional,, ninguém pode ser demitido como defende o programa do Partido da Causa Operária para enfrentar a epidemia e a crise capitalista.